Plinio Corrêa de Oliveira
São Boaventura
Legionário, 10 de julho de 1938, N. 304, pag. 4 |
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São Boaventura, Cardeal e Doutor da Igreja, nasceu em Bagnoregio, no Lácio (Itália), no ano de 1219. Aos quatro anos, uma doença gravíssima pôs em perigo a vida do menino e esgotados os recursos para salvá-lo, a mãe pediu a São Francisco de Assis, que ainda vivia, lhe impusesse as mãos e lhe devolvesse a saúde, prometendo ao mesmo tempo que o dedicaria ao serviço de Deus na Ordem, caso fosse ouvida. São Francisco rezou sobre a criança, que sarou imediatamente. Diante desse grande milagre, cheio de admiração, São Francisco exclamou: “Oh! buona ventura!” Desde aquela hora foi a criança chamada Boaventura, embora seu nome de batismo fosse João. Aos vinte anos, entrou para a Ordem de São Francisco, a fim de cumprir o voto materno. Passado o tempo de provação, foi São Boaventura enviado a Paris, a fim de ouvir as preleções do célebre Alexandre de Hales. Em todos os estudos, procurou antes de tudo a honra de Deus e a própria santificação, afastando de si toda a vaidade e perniciosa curiosidade, contentando-se com o necessário, sem se perder em discussões inúteis, que mais escurecem a verdade do que servem a boa causa. Levava uma vida tão pura, que Alexandre de Hales, seu mestre, não hesitou em dizer: “Parece que o pecado original nele não achou lugar”. E embora sua vida fosse uma prática contínua de penitências, seu rosto refletia uma alegria como só a conhecem as almas puras. Não tendo ainda trinta anos, recebeu a nomeação de lente de teologia na Universidade de Paris. Cinco anos depois, foi eleito Superior Geral da Ordem. No meio dos trabalhos do generalato, achou São Boaventura tempo para escrever livros sobre vários assuntos, em que deu prova de vasta erudição e competência. Belíssimos livros compôs sobre o culto de Maria Santíssima e de sua lavra é uma biografia do fundador da Ordem – São Francisco de Assis. Contemporâneo de São Tomás de Aquino, por vezes recebia a visita do mesmo, que era grande admirador de sua santidade e de sua sabedoria. Em uma das visitas, perguntou a São Boaventura pela sua biblioteca. Este, apontando para o Crucifixo, disse-lhe: “Eis a biblioteca de que tiro tudo que ensino”. Elevado pelo Papa Gregório X a Cardeal, os portadores desta ordem pontifícia encontraram o Santo ocupado em serviços da copa e, embora elevado a tão alto posto, Boaventura continuou a vida de humilde religioso. Convidado a tomar parte no Concílio de Lyon, causou admiração geral sua profunda sabedoria, como também seu zelo pela causa da Igreja. A morte o surpreendeu durante esse Concílio, em 1274, quando contava apenas 55 anos de idade.
Acima, tão encantadora quanto pequeníssima cidade onde nasceu São Boaventura, Bagnoregio, encarapitada no alto de um pico, nas proximidades de Orvieto (Itália) |