Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Latifúndios

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 26 de junho de 1938, N. 302, pag. 2

 

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É com pesar que escrevemos estas linhas. Sim, porque o fato que se vai narrar encerra essa tremenda verdade: a Europa já não se inclina ante o Brasil.

Pois é um caso que um tal Marquês de Bute vendeu a metade da cidade de Cardiff, o que não representava senão uma parte de seus imensos domínios. Quer dizer que esta venda não se efetuou por necessidade de dinheiro, mas pura e simplesmente porque o Marquês a considerou um bom negócio. O preço foi a bagatela de 20 milhões de esterlinas, que, ao câmbio atual, vem a ser 1.800 mil contos, ou seja, aproximadamente, a metade da renda do governo federal brasileiro.

Diante disso, a que ficam reduzidos os nossos latifundiários? E uma certa campanha a favor da pequena propriedade, com que significado fica?

Esta campanha tem dois característicos curiosos: só deseja a pequena propriedade nas regiões já abertas e civilizadas. Não lhe fazem o mínimo incômodo os vastos latifúndios dos sertões da Amazônia, de Goiás, de Mato Grosso, e a imensa ilha de Bananal é engolida como uma pílula.

Por outro lado, só se preocupa com a pequena propriedade rural. A pequena indústria não lhe toma muitos cuidados, e é absolutamente alheia ao pequeno comércio e ao pequeno banqueirismo. Para ela, só a propriedade rural deve ser pequena.

O resultado já se vê: colocada ao lado do grande comércio, da grande indústria e, muito principalmente, do grande banqueirismo, a pequena propriedade rural será naturalmente enfeudada e absorvida. Um simples “anschluss”...

E nós pensando que latifúndio, só no Brasil!


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