Plinio Corrêa de Oliveira

Legionário, 12 de junho de 1938, N. 300, pag. 2

Não se trata de um novo monumento da piedade católica brasileira, como à primeira vista poderia parecer. Muito pelo contrário, trata-se de um expressivo documento da monumental ignorância religiosa de nosso povo, para a qual tem contribuído a política, e certos políticos.

O caso é o seguinte:

No sertão de Alagoas foi preso um “iluminado”, que viajava, em suas peregrinações, sobre uma cruz de 80 metros, arrastada pelos fanáticos, seus adeptos. Acrescenta a notícia que o tal “beato” havia conseguido muitos discípulos, que o acompanhavam em longas penitências.

Há um fato curioso por constante em todas as manifestações do fanatismo brasileiro: o caráter expiatório. Este caráter expiatório, por via de regra, chega até ao brutal e ao torpe. Isso demonstra que há no fundo da consciência dessas populações o sentimento da culpa, culpa que precisa ser redimida.

Voltamos, assim, ao nosso ponto de vista em relação ao caso daqueles fanáticos “Monges barbados”. O povo brasileiro tem necessidade de redenção e esta só o catolicismo lhe pode dar. É preciso satisfazer a urgente aspiração religiosa de nosso povo. Lembremo-nos de que também o povo russo tinha sede de santificação, sede que o ortodoxismo [refere-se à igreja ortodoxa, também conhecida como greco-cismática, n.d.c.] não pôde saciar...