Plinio Corrêa de Oliveira
Comentando...
Legionário, 8 de maio de 1938, N. 295, pag. 2
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O capítulo é vasto, e ainda há muita coisa a dizer sobre ele. Por isso, voltamos à carga. Como os leitores talvez já saibam, apareceu aqui em São Paulo um indivíduo bastante esquisito: furtava quanto encontrava, de valor ou sem valor, e vendia tudo ao preço único de 10$000. Como facilmente se suspeita de todas essas singularidades, tal indivíduo seria, provavelmente, um desequilibrado. Vai daí, certo vespertino desta capital com o espalhafato que lhe é peculiar, publicar uma notícia com o seguinte título: Que Gatuno! Surripiava tudo que via. Sob a manchete, a fotografia do pobre diabo, com aspecto idiota, empunhando um violão e cercado dos demais objetos furtados. Naturalmente essa ridícula pose foi-lhe sugerida pelo repórter, que assim se aproveitou da deficiência mental de um homem para dar mais sabor à notícia. Aliás, nessa mesma notícia, e como último condimento de sensacionalismo, acrescenta-se que esse infeliz está alterado em suas faculdades, em virtude de um atropelamento. Como se vê, o repórter teve a habilidade de reunir todos os requisitos para conseguir um máximo de inumanidade. Para dar pasto aos baixos instintos de seus leitores, não duvidou em insultar um irresponsável, que não poderá defender-se. E o mais revoltante é que aquela fotografia, tão violadora da dignidade da pessoa humana e de seus mais sagrados direitos, foi tirada na polícia, com a autorização e sob as vistas dos que deveriam ser os seus melhores defensores. |