Plinio Corrêa de Oliveira
Comentando...
Legionário, 1º. de maio de 1938, N. 294, pag. 2 |
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Nos dias 21, 22 e 23 de abril p.p., a sala João Mendes da Faculdade de Direito regurgitou do que havia de mais seleto em nossa mocidade universitária. Que foram lá fazer esses jovens? Foram, por acaso, ouvir a um orador afamado, a um cientista de renome, a um poeta na moda? Nada disso. Foram ouvir a um capuchinho descalço, ao Revmo. Fr. Ângelo Maria do Bom Conselho. E que lhes disse esse frade? Teria, por ventura discorrido sobre altos problemas filosóficos ou teológicos? Não. Aquela multidão de jovens que se comprimia, que se sentava à beira das janelas, que invadia o recinto reservado à mesa, ali estava para ouvir Fr. Ângelo discursar sobre... a castidade! Não há dúvida: estamos na aurora de uma nova era. E Fr. Ângelo é bem um desses homens que aparecem no dealbar das novas idades. Ao ouvi-lo, tem-se a impressão de ouvir-se um daqueles mensageiros da Boa Nova a evangelizar os pagãos do Ocidente, ou ainda a de um anacoreta medieval a pregar uma Cruzada. Ele todo é uma expectativa de novos tempos, uma ruptura com o passado próximo, pois está todo voltado para a Eternidade e para os Valores Eternos. Em comentário de Domingo passado, dizíamos que os tempos modernos haviam perdido a intuição das coisas simples e naturais por haver perdido a espontaneidade. Pois bem, essa nossa mocidade de hoje quer recuperar essa espontaneidade porque está cansada de todos os artificialismos: o artificialismo científico, o artificialismo social e o artificialismo moral. Essa mocidade quer entrar em contato direto com a Vida, abeberar-se nas suas fontes puras e originais. Por isso foram ouvir um dos pregadores mais simples falar sobre uma virtude das mais elementares. Mais do que a retórica do orador atraiu-os a virtude do homem. Mais do que a subtileza da análise, a sabedoria da vida. |