Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

Jesus Messias
 
Domingo de Ramos

 

 

 

 

 

Legionário, 10 de abril de 1938, N. 291, pag. 4

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Evangelho segundo São Mateus, cap. XXI, vers. 1-9

 Naquele tempo, como se aproximassem de Jerusalém e viessem a Betfagé, junto ao Monte das Oliveiras, mandou Jesus dois de seus discípulos, dizendo-lhes: Ide à aldeia que vos está de fronte, e logo achareis uma jumenta presa, e, com ela, um jumentinho. Desatai-os e trazei-mos; e se alguém vos disser alguma coisa, respondei que o Senhor precisa deles, e logo vos deixarão trazê-los. Tudo isto aconteceu para que se realizasse o que dissera pelo profeta: Dizei à filha de Sião: Eis que teu Rei vem a ti, cheio de mansidão, montado numa jumenta e num jumentinho, filho da que está sob o jugo. Indo, fizeram os discípulos como lhes preceituara Jesus. Trouxeram, pois, a jumenta e o jumentinho, e cobrindo-os com seus vestidos, fizeram o Mestre montar. A maior parte do povo se pôs a estender suas vestimentas sobre o caminho, e outros cortavam ramos de árvores e juncavam a estrada. A multidão que caminhava adiante, e a que seguia atrás, clamavam dizendo: Hosana ao Filho de David! Bendito o que vem em nome do Senhor! Hosana no mais alto dos céus!

Comentário

Naquele primeiro dia da semana, vindo provavelmente de Betânia, seguido de seus discípulos, aproximou-se Jesus de Betfagé, povoação situada nas fraldas do Monte das Oliveiras. Ali preparou Jesus o seu triunfo, a sua consagração como Messias de seu povo.

Em outras circunstâncias quando o povo, à vista de seus milagres e de sua doutrina, queria fazê-lo rei, Ele se ocultava, fugia às manifestações populares. Hoje é Ele quem dispõe o necessário para sua exaltação.

Nem uma semana depois será crucificado.

Nos desígnios do Salvador, a aproximação destes dois fatos foi premeditada. Tantas e tamanhas foram as humilhações e ignomínias por que passou na sua Paixão, que Ele julgou necessário dar um argumento positivo e insofismável de sua missão divina para que a enormidade de seus sofrimentos não a pusesse em dúvida.

Este argumento foi sua entrada triunfante em Jerusalém, na qual foi consagrado pelo povo como o Messias prometido. Pois, realmente, outra coisa não significam as manifestações de júbilo com que O aclamaram.

Estendendo as vestes aos pés de Jesus, o povo reconheceu-lhe a realeza e soberania (4 Reis IX, 13). O “hosana”, “salvai-nos”, era uma saudação que convinha muito ao grande Salvador ansiosamente esperado. E o “bendito o que vem em nome do Senhor” do Salmo 117, só se aplicaria ao Messias, porquanto os judeus tinham este salmo como messiânico. Não há, portanto, dúvida nenhuma: a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém foi sua consagração na missão messiânica, salvadora que lhe confiara o Pai celeste.

Este argumento é tanto mais concludente quanto maior o esforço dos judeus para perder o Mestre que já de algum tempo tramavam contra sua vida. A entrada de Jesus em Jerusalém no dia de hoje chegou a desanimá-los: “Eis que nada conseguimos” diziam entre si, diante do entusiasmo do povo (Jo. XII, 19).

Quando se considera que esses mesmos judeus, agora impotentes diante da explosão popular de júbilo, cinco dias depois arremessavam essas mesmas turbas contra o Mestre, vê-se que o triunfo de Jesus foi devido somente ao seu poder singular divino. Ele foi aclamado e triunfou porque quis.

Demonstrava Jesus dessa maneira que quando pouco depois foi entregue ao ludibrio do populacho, também o foi porque Ele, em benefício de nossas almas, o permitiu. Como previsse Isaias: “Foi imolado porque assim lhe pareceu”.


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