Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comentando...

Mais uma vez o divórcio

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 27 de março de 1938, N. 289, pag. 2

  Bookmark and Share

 

“O Estado de S. Paulo” trouxe na sua edição de 18 do corrente um artigo sobre o divórcio.

Principia o articulista por considerações vagas, difusas e nebulosas sobre a psicologia; posto esse nariz de cera, descobre pela primeira vez a pólvora: o ser humano não existe, é uma abstração, é uma ilusão da consciência! Tal como aquele honesto vendeiro que, indo a um Jardim Zoológico, estava surpreso diante de uma zebra, e depois de muito considerar, não se conformou:

— Qual, isso não existe!

Mas não façamos “blague”. O artigo tem focos de coisa séria. E assim, prossegue afirmando textualmente:

“Não existem dois indivíduos iguais, sob nenhum aspecto”. Viram bem? Sob nenhum aspecto. De acordo. Nós aqui, por exemplo, somos racionais...

Mas não nos detenhamos, há mais e melhor. Chegado a essa altura, o articulista, pela segunda vez, descobre a pólvora. Pois que o homem não é bem propriamente homem, mas alguma coisa mais ou menos assim como aquilo, “o casamento, sob aspecto psicológico, permanece uma incógnita”.

E pergunta-se, deverá ser ele dissolúvel ou indissolúvel?

— Então o sr. é divorcista?

— Não “seu” moço. Nem tanto ao mar nem tanto à terra. A lei não deveria proibir o divórcio, mas não deve tampouco permiti-lo. Afinal de contas a lei não deve curatelar [proteger, n.d.c.] os indivíduos.

Ora, se bem o entendemos, a lei não deve tampouco tutelar os indivíduos. Sim, porque a curatela é menos do que a tutela, e quem não pode o menos, evidentemente não pode o mais. Assim sendo, a nossa legislação deve despojar-se de várias superfetações. Só devem ficar as disposições referentes aos banhos carrapaticidas e outras quejandas. Com vistas à Sociedade Protetora dos Animais.


Bookmark and Share