Plinio Corrêa de Oliveira

Legionário, 13 de março de 1938, N. 287, pag. 2

Há alguns meses foi preso na Alemanha o pastor protestante Niemoeller, herói da Grande Guerra, durante a qual foi comandante de submarinos. Preso como adversário do nazismo, foi agora julgado e novamente preso. Dizem as autoridades “para evitar que fosse maltratado pela população”. A propósito, porém, da detenção do pastor protestante, a Agência Havas, em telegrama de 7 do corrente, estabelece um paralelo entre as atitudes assumidas pelo Catolicismo e pelo Protestantismo diante da perseguição religiosa na Alemanha. Dada a justeza de seus conceitos, transcrevemo-lo em seguida:

“O parágrafo 130 invocado para a condenação do pastor Niemoeller é a célebre “Kanzelparagraph” invocado por Bismarck para condenar os padres católicos. Hoje em dia, o Estado combate simultaneamente o protestantismo e o Catolicismo, que se insurgem contra as doutrinas totalitárias. É preciso, no entanto, distinguir-se claramente entre as lutas contra a Igreja Católica e contra a igreja confessional protestante. O caso do pastor Niemoeller constitui antes uma exceção no protestantismo alemão. Contrariamente, a Igreja Católica em peso insurge-se contra a atitude nazista. A diferença na atitude das duas grandes crenças é notável. O protestantismo tornou-se, sob o reinado de Guilherme II, uma instituição do Estado inteiramente submissa e é incapaz de lutar com eficácia contra o empreendimento totalitário nazista... O caso Niemoeller representa uma exceção e os protestos do célebre pastor de Dahlen não fizeram o protestantismo sair da sua calma. Comparando-se esta atitude com a do catolicismo, firmemente agrupado em torno da Igreja, para a defesa dos direitos religiosos, a diferença é manifesta”.

As observações da Agência Havas sobre a diferença de atitudes do Catolicismo e do Protestantismo diante da perseguição nazista merecem ser anotadas. Elas são uma confirmação neutra da vitalidade da Igreja Católica, a única contra quem “as portas do inferno não prevalecerão”.