Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comentando...

Ignorância religiosa

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 27 de fevereiro de 1938, N. 285, pag. 2

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Os dois males mais graves que afligem o catolicismo em nosso país são a ignorância religiosa e como consequência dela o indiferentismo religioso.

Infelizmente, entre nós, pouco ou quase nada se estuda sobre religião, sendo de pasmar o desconhecimento completo dos mais elementares princípios religiosos, mesmo entre pessoas cultas e que se dizem católicas.

A todo instante, ouvem-se verdadeiras heresias em matéria religiosa, e o que é mais triste é, serem muitas vezes essas heresias proferidas por lábios católicos.

Quão doloroso é constatar que grande é o número de católicos aqui no Brasil que o são apenas ou por puro sentimentalismo ou por tradição e que não avaliam o papel importantíssimo e podemos mesmo dizer básico, que deve ocupar o problema religioso em nossas consciências e na vida de uma nação.

O resultado de toda essa ignorância é o enfraquecimento progressivo da fé nas almas, pois como escreveu Tristão de Athayde: “Aqueles que não estiverem preparados para defender racionalmente as suas crenças,  depressa as deixarão amortecer em seu coração, pois o homem não crê por muito tempo aquilo que crê sem conhecer e sem saber porque acredita”.

Para muita gente ser católico consiste em ir à missa aos domingos, casar-se na Igreja, embora já existam muitas pessoas que se reputam católicos e considerem suficiente o casamento civil, e batizar os filhos. Em verdade, para elas esses atos religiosos não representam senão simples cerimônias como tantas outras da vida social, e as vezes pretextos para reuniões mundanas.

Frequência assídua aos sacramentos, vida de piedade mais intensa, ação católica etc., são exageros condenáveis, carolice.

Essa é, entretanto, a mentalidade de muitos de nossos católicos, que não possuem em menor grau o que se chama espírito católico.

O mal que esses católicos nominais, totalmente despreocupados e indiferentes a tudo que diz respeito à Igreja de Cristo, fazem para o desenvolvimento do espírito católico, da ação católica, do catolicismo enfim, em nossa pátria é imenso.

O mais lamentável, entretanto, é o encontrar-se grande número desses pseudo-católicos justamente em nossa alta burguesia, classe da qual mais se poderia e deveria esperar e que maiores responsabilidades têm em face de Deus e da nação.

Incalculáveis benefícios poderiam trazer para a sociedade e para a nação, muitos membros daquela classe social dando mais atenção ao magno problema religioso, e levando já não digo uma vida de profunda religiosidade, mas de um pouco mais de elevação espiritual.

Grande, portanto, é a missão dos verdadeiros católicos, e gigantesca mesmo que pareça ser, não podem dela esquivar-se ou fugir. Precisam trabalhar bastante lançando mão de todos os meios, sobrenaturais e terrenos para transformar a consciência de todos esses católicos tíbios fazendo com que eles adquiram aquele verdadeiro espírito católico, que consiste em pensar o que a Igreja pensa, querer o que a Igreja quer e agir como Ela manda.


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