Plinio Corrêa de Oliveira
Comentando...
Legionário, 30 de janeiro de 1938, N. 281, pag. 2 |
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Um dos mais destacados órgãos da nossa imprensa comentou recentemente, sob o título acima, a publicidade escandalosa dos jornais, concluindo: “Devia haver um acordo tácito entre todos os jornais do Brasil, grandes ou pequenos, a fim de se pôr definitivo paradeiro ao noticiário policial feito por este nefando sistema. “Da ética jornalística, implicitamente, devia fazer parte esse dever, que é aconselhado pelo mais simples bom senso, independente de outros argumentos: não dar relevo nunca aos fatos da vida íntima dos indivíduos, nem nunca estampar “clichês” que tragam figuras prejudiciais à boa saúde mental dos seus leitores e aos seus sentimentos mais nobres. “A tarefa é fácil e simples. Questão apenas de boa vontade”. Sendo “a tarefa fácil e simples” dependendo “apenas de boa vontade” queríamos que o citado jornal não se resumisse apenas a uma simples nota isolada, mas que encabeçasse definitiva e energicamente uma ação nesse sentido. Por que não o faz o grande jornal, em vez de patrocinar concursos de beleza? Outra rainha Como se não bastasse a Rainha da Beleza, que os “Diários Associados” e a “Rádio Tupi” pretendem escolher, o “Estado de S. Paulo" promove agora a escolha da Rainha do Carnaval. Repete assim o sisudo órgão paulistano, o concurso que fez no ano findo, quando deu a São Paulo uma soberana para as festas de Momo. Temos que insistir mais uma vez sobre esse assunto. Há evidentemente uma super produção de “rainhas”, o que não se fará sem prejuízos. Não é impunemente que se forjam tantas soberanas. Num momento grave para o Brasil e para o mundo, esse superficialismo é um sinal de lamentável decadência. Quando todos os esforços deveriam ser orientados no sentido de uma grande elevação moral da população, os jornais se entregam à banalidade de escolher “rainhas” disto ou daquilo. Com franqueza, isto não está bem, e, particularmente, não fica bem ao conservadoríssimo jornal o “Estado de S. Paulo”!... |