Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comentando...

“Carta verde a um “reverendo”

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 12 de setembro de 1937, N. 261, pag. 2

 

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Com o título acima, publicou a “Ofensiva” de 5 do corrente, um artigo assinado por Antídio de Souza, do qual transcrevemos as passagens seguintes:

“Meu Caro rev. J. M. P. - Murundú - E. do Rio.

“Você diz que é “inimigo número um do bolchevismo russo”. Creio sinceramente que seja. Mas não vale nada, se o rev. não dispõe de arma alguma capaz de destruí-lo.

“O rev. é muito religioso, muito sincero, muito temente a Deus, muito zeloso pelas almas e pelo mundo? Eu conheço, admiro e amo a sua desmedida consagração ao serviço divino.

“Mas eu lhe garanto que toda essa força moral, reunida às energias imortais da abundante vida espiritual que possui, não vale nada contra o bolchevismo russo. Afirmação tremenda, paradoxal, horrível, esta minha. Não é? É que para o comunismo a arma da fé, com o fim de combatê-lo, por sua natureza delicadíssima e a espiritualidade divina de seus conceitos e afirmações, escapa à própria tangência moral do Centauro monstro, que solto, esbravecido, cruel, só pode ser domado por outra força filosófica e material superior a ele.

“O comunismo russo, meu amigo, só pode ser combatido com outra força moral maior e superior a ele, como força filosófica e social: o nacionalismo puro. E num sentido estritamente filosófico, a Religião sendo um conceito universal, não pode ser confundida com nacionalismo.

“Sei que o reverendo, como religioso, é um homem de princípios eternos e um verdadeiro crente. Dispõe de arma para combater o vício, as paixões, os pecados da vida de um indivíduo, de um pequeno grupo de pessoas, na igreja onde distribui aos seus fiéis os Santos Sacramentos e ministra a palavra de Jesus às almas simples. Mas os comunistas não são nenhumas almas puras e simples. Eis porque o meu caro pároco, se quer de fato combater o comunismo, só tem um caminho a seguir no Brasil: é bloquear-se com a Doutrina Nacionalista de Plínio Salgado”.

O artigo continua nesse mesmo estilo no qual se coloca o Catolicismo como “força moral, filosófica e social” abaixo do comunismo, o qual só tem acima dele o “nacionalismo puro”. Além disso, o papel do sacerdote, depois de encouraçar-se com o “nacionalismo puro”, é restringido a cuidar de “um indivíduo ou de um pequeno grupo de pessoas” todas de “almas simples”!... E conclui o autor:

“Sei que o Integralismo não serve e não será abraçado por muitos dos párocos desta infeliz Pátria. Não posso compreender isto. Aceito apenas o fato como uma fatalidade, um fenômeno anormal, inexplicável, monstruoso”.

Não vamos acrescentar comentário algum nosso.

Queremos lembrar apenas que o sr. Plínio Salgado, em uma passagem de seu discurso de 19 de Julho último, logo depois do conflito da Avenida Paulista, se dirigiu “de uma maneira particular aos católicos do país, que devem ler por obrigação, a Encíclica do Sumo Pontífice “Divini Redemptoris”.

Cumpre notar que não foi esta a primeira vez que procederam das fileiras do Integralismo referências à Encíclica “Divini Redemptoris”. Seria de desejar, porém, que ela não fosse citada apenas em seus textos anticomunistas, mas também na parte em que proclama a suprema dignidade da Igreja Católica e de seus sacerdotes, o que evitaria certas atitudes eivadas de liberalismo religioso, como a que presentemente mencionamos.

Eis o que diz o Santo Padre:

“Renovação da vida cristã — Remédio fundamental.

“41. Como em todas as épocas mais agitadas da história da Igreja, também hoje o remédio fundamental é uma sincera renovação da vida particular e pública, de acordo com os princípios do Evangelho, por parte de todos os que se gloriam em pertencer ao rebanho de Cristo, a fim de que sejam verdadeiramente o sal da terra que preserve a sociedade humana de tal corrupção”.

“Os sacerdotes”

“60. Para a obra mundial de salvação que vimos bosquejando e para a aplicação dos remédios que indicamos brevemente, ministros e operários evangélicos designados pelo Divino Rei, Jesus Cristo, são em primeira linha os sacerdotes. A eles por vocação especial, sob a guia dos pastores sagrados e em união de filial obediência com o Vigário de Cristo na terra, está confiada a missão de manter aceso no mundo o facho da Fé e de infundir nos fiéis essa sobrenatural confiança com a qual a Igreja, em nome de Cristo, combateu e venceu tantas batalhas.

“62. ... E, portanto... os sacerdotes... reservem sempre a maior parte, o melhor de suas forças e de suas atividades para reconquistar as massas de trabalhadores para Cristo e para a Igreja. ... Eles encontrarão nas massas populares uma correspondência e uma abundância de frutos inesperados...”.

“A Ação Católica

“64. Depois do Clero, Nós dirigimos Nosso paternal convite aos queridíssimos filhos que militam nas fileiras da, para Nós tão querida, Ação Católica. Com efeito: a Ação Católica é também apostolado social enquanto tende a difundir o reinado de Jesus Cristo não só entre os indivíduos, como também na família e na sociedade...”.


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