Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comentando...

Sem religião não há caridade

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 11 de julho de 1937, N. 252, pag. 2

 

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A 2 do corrente, na festa da Padroeira da Santa Casa de Misericórdia, S. Excia. Revma. o Sr. D. José Gaspar de Affonseca e Silva, Bispo Auxiliar de São Paulo, pronunciou uma alocução, da qual extraímos o que segue:

“A Santa Casa da Misericórdia de S. Paulo é um patrimônio de nossa fé, do nosso coração, mas ela é também herdeira de um outro patrimônio: o da caridade cristã praticada pelos nossos antepassados. Num século que perde assustadoramente a noção do amor desinteressado, defender esta herança é um dever e uma obrigação.

“Vós a defendereis praticando a caridade do modo mais perfeito possível. Notai, porém, que fazer a caridade como no-la ensinou Jesus Cristo é amar antes de dar a esmola, e dá-la só pelo amor de Deus. A caridade que se melindra com o silêncio do beneficiado, a que tem horror ao anonimato, ou nele se refugia para depois surgir aplaudida, a que se estadeia nos jornais para ser louvada e conhecida, a que só é feita pelo prazer que proporciona, não é caridade, mas sim miserável vaidade e egoísmo, vestidos sacrilegamente com os trajes divinos da beneficência. A caridade perfeita nos mostra no nosso semelhante uma alma imortal, destinada à vida eterna; descobre-nos num corpo doente e dolorido, um candidato à ressureição gloriosa no dia do juízo e em cada irmão aponta-nos um ser igual a nós pequenino e sofredor como nós, sujeito à morte, mas como nós criado à imagem e semelhança de Deus, portador também do destino eterno da vida.

Suprimi da caridade esta substância religiosa e não mais a tereis em sua beleza e realidade. Os que a deturparam, os que a desnervaram, os que a mutilaram no que ela tem de religioso, viram-se na contingência de procurar outro nome para expressar o fruto de suas imaginações, indo pedir ao grego a sonoridade impressionante de um vocábulo até hoje vazio de vida. Foi assim que surgiu a filantropia...”


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