Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comentando...

Celibato eclesiástico

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 6 de junho de 1937, N. 247, pag. 2

 

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Os nazistas encarniçam-se no ataque à Igreja. Agora foi a vez do celibato eclesiástico. O “National Sozialistische Landpost”, órgão dos camponeses nacional-socialistas, escreve:

“Havia na Alemanha, em 1935, 18.841 padres, 12.139 monges e 74.003 religiosas. Assim foi proibida a procriação a 31.000 homens e 74.000 mulheres. Pode-se calcular em 50.000 o número de casamentos não realizados devido ao celibato imposto pela Igreja. A perda de valores hereditários é ainda mais importante. É costume no campo fazerem abraçar a carreira religiosa os jovens particularmente dotados e os valores hereditários desses moços ficam irremediavelmente perdidos. Em cada geração se renova esse prejuízo, mas o povo não pode suportar eternamente o desaparecimento de seus elementos mais dotados... etc.”

Evidentemente aos ataques hitleristas, à fúria desordenada do nazismo não se deve dar mais importância. O nazismo é uma espécie daqueles dragões das lendas do Reno: muito alarido, muito fogo pela boca, mas facilmente vencíveis por um moço aparentemente franzino, mas puro. E não é a Igreja quem há de tremer diante de um modesto dragãozinho do século XX!...

A nota do órgão nazista nos mostra, porém, a importância da vida católica nas terras que São Bonifácio converteu. Com o grande número de sacerdotes e de religiosas que ele não pode negar, tudo devemos esperar na Alemanha. Não tardará muito a se fragmentar o nazismo e a se completar a desagregação do protestantismo. E nesse dia, que está próximo, a Alemanha voltará a ser a verdadeira Alemanha que ergueu a suntuosa Catedral de Colônia e que soube sempre derramar o seu sangue pela Cruz de Cristo. O núcleo católico permanecerá apesar de todas as perseguições e ele será o fermento que dará à Alemanha o seu verdadeiro valor hereditário, que não é representado pelo retrocesso atávico do hitlerismo à barbárie do Norte!...

Obrigado pelos fatos, aos quais apesar de tudo não pode fugir, o jornal nazista elogiou o clero católico. Há no artigo em questão o reconhecimento da pureza do celibato eclesiástico, e a verificação de ser o Clero formado por moços “particularmente dotados”. É a evidência da verdade da qual nem os de má fé podem se afastar. Mas há também uma ameaça: a de que “o povo não pode suportar o desaparecimento de seus elementos mais dotados... etc.”

A obrigação da supressão do celibato que provavelmente se prepara na Alemanha será apenas mais um ato tirânico e a ele a Igreja dará o seu “non possumus” irrevogável e invencível. Cremos, porém, que a medida deveria começar por casa: por que o sr. Adolf Hitler é celibatário? Será pelo receio de ferir em seus valores hereditários a raça germânica?...


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