Plinio Corrêa de Oliveira
Comentando...
Legionário, 23 de maio de 1937, N. 245, pag. 2
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Falando na Câmara Francesa, o deputado sr. Lecour Grandmaison criticou a economia atual da França dizendo que “o que caracteriza a nossa economia atual é que coloca o homem a serviço da produção e a produção a serviço do dinheiro”. Esta afirmação do deputado francês é de aplicação quase universal e caracteriza bem o último estágio de degradação a que o homem foi levado pelo materialismo: “o homem a serviço do dinheiro”. É o esquecimento da verdadeira natureza do homem, ser privilegiado, criado por Deus à Sua imagem e, portanto, inteligente e livre. Dotado de uma alma espiritual, o homem se volta para Deus, enquanto tem o mundo ao seu serviço. A matéria é um meio a serviço do homem, não um fim em si. Toda a organização que inverte esta ordem estabelecida por Deus, e subordina o homem à matéria, é má e deve ser destruída. O homem tem um primado sobre a matéria, o espiritual tem sobre o sensível. Tal é o ensino da Igreja sobre a posição do homem neste mundo. Acima dele, só Deus. É a doutrina da valorização real do homem, na qual ele se sente desnecessário diante de Deus, mas tendo sido criado por bondade do mesmo Deus, Lhe agradece a dádiva incomparável dessa criação, e só para Deus quer viver e trabalhar. Não é “o homem a serviço do dinheiro”, mas o homem a serviço de Deus, usando dos bens que o Criador lhe entregou, para a felicidade de seus semelhantes e para a glória de Deus. É o diz Pio XI na Encíclica “Quadragesimo Anno”: “... tudo se encaminhe para Deus, fim primeiro e supremo de toda a atividade criada, e que todos os bens criados por Deus se considerem como instrumentos dos quais o homem deve usar tanto quanto lhe sirvam a conseguir o último fim...”. É só com a cristianização da economia, posto o homem a serviço de Deus, e colocadas as riquezas no seu devido lugar, é que se poderá reconquistar aquela felicidade possível neste mundo em que, diz o Santo Padre na Encíclica citada, “o homem busca primeiro o reino de Deus e a sua justiça, seguro de que também na medida do necessário a liberalidade divina, fiel às suas promessas, lhe dará por acréscimo os bens temporais”. |