Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comentando...

Menos combate. Mais oração!

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 25 de abril de 1937, N. 241, pag. 2

 

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Lembrou S. Eminência o Sr. Cardeal D. Sebastião Leme, em seu discurso de instalação da Ação Católica Masculina do Rio de Janeiro, o pensamento de Donoso Cortez de que “se o mundo vai mal é porque há entre os homens mais campos de combate do que centros de oração”. É a imensa agitação da humanidade à procura de um ponto estável que lhe venha a servir de apoio para a reorganização do mundo. Os homens se debatem de partido para partido, de filosofia para filosofia. Entretanto, esse ponto existe, e quando o mundo se apoiou nele gozou da mais perfeita estabilidade: a Igreja Católica Romana e a vida de oração a que Ela obriga os seus fiéis. Mas n’Ela os homens deviam estar submissos a Deus e o orgulho humano os afastou da Igreja, pretendendo fazê-los felizes sem Deus. É o que ainda procuram muitos, esquecidos de que sem a vida de piedade da Igreja nada é possível.

É para esta cruzada de oração e de penitência que o Santo Padre convocou a Cristandade inteira pela Encíclica “Caritate Christi Compulsi”:

“... Lembrados, pois, da nossa condição de seres essencialmente limitados e absolutamente dependentes do Ser Supremo, recorramos, antes de tudo, à oração. Sabemos pela Fé qual seja o poder da oração humilde, confiante, perseverante; a nenhuma outra boa obra atribuiu Deus Onipotente promessas tão amplas, tão universais, tão solenes, como à oração: “Pedi e ser-vos-á dado, procurai e achareis, batei e abrir-se-vos-á; porque todo o que pede recebe, e o que procura encontra e ao que bate será aberto...”

“... Assim, a própria oração assegura a presença de Deus entre os homens, como prometeu o Divino Redentor: “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome eu estarei no meio deles”. A oração fará desaparecer a própria causa das dificuldades hodiernas, a que acima aludimos, isto é, a insaciável cobiça dos bens terrenos...”

Mas à oração é preciso acrescentar ainda a penitência, o espírito de penitência e a prática da penitência cristã. Assim nô-lo ensina o Divino Mestre, cuja primeira pregação foi precisamente a penitência: “Começou Jesus a pregar e dizer: fazei penitência”. Assim nô-lo ensina também toda a tradição cristã, toda a história da Igreja; nas graves calamidades, nas grandes tribulações da Cristandade, quando era mais urgente a necessidade do auxílio divino, os fiéis, espontaneamente, ou o mais das vezes incitados pelos exemplos e exortações dos sagrados pastores utilizaram sempre ambas as armas poderosíssimas da vida espiritual: a oração e a penitência...”

O pensamento da Igreja continua, pois, imutável: a oração e a penitência são o remédio necessários para que a humanidade encontre sua verdadeira segurança. Não se pense, pois, que orar e mortificar-se são arcaísmos próprios da Idade Média. As Encíclicas do Século XX que expõem a eterna doutrina de Cristo perante as novas condições humanas não excluem a oração e a mortificação; ao contrário, obrigam os fiéis à sua prática, como o único meio de trazer Deus aos homens.


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