Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Propriedade e trabalho

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 18 de abril de 1937, N. 240, pag. 2

 

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O prócer integralista sr. Santiago Dantas fez há dias uma conferência, na qual afirmou que “o eixo da vida econômica se desloca progressivamente da propriedade privada para o trabalho. E a revolução brasileira, diz, caminha nesse sentido”.

Se é esse o caminho que o Integralismo prepara para o Brasil, podemos afirmar sem receio que não será nessa corrente política que nossa Pátria encontrará a estabilidade. E convém recordar a propósito a Carta Magna da Doutrina Social Católica, a Encíclica “Rerum Novarum” de Leão XIII. Por ela ver-se-á como o sr. Santiago Dantas está longe da realidade. Diz Leão XIII:

“Verdadeiramente não é difícil compreender que o fim do trabalho, o fim próximo a que se propõe o trabalhador é a propriedade privada.

“Se ele emprega sua força, seu engenho em proveito de outro, ele o faz para obter o necessário à vida; porém, com seu trabalho adquire um verdadeiro e perfeito direito, não mais só de exigir, mas também de empregar como quiser a paga recebida. Se então, com sua poupança consegue fazer economias e para melhor se garantir, emprega-as na compra de um terreno; não é, afinal de contas, que o mesmo salário recebido, sob outra forma, e por conseguinte propriedade sua, nem mais nem menos como o era salário de que se originou.

“Nesta coisa, como sabem todos, consiste a propriedade, seja móvel ou imóvel”.

Podemos, pois, perguntar ao sr. Santiago Dantas: por que a antítese que estabeleceu entre propriedade particular e trabalho? E com sua afirmação, que se revela fortemente coletivista, não arrebata ao operário a esperança de melhorar de situação, aumentando o próprio patrimônio?


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