Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comentando...

Ação Católica

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 11 de abril de 1937, N. 239, pag. 2

 

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O Sumo Pontífice tem repetidamente insistido na obrigação dos Católicos se dedicarem à Ação Católica e de voltarem suas vistas, e suas atividades como católicos para a situação mundial. É interessante observar então a atitude de certos meios em relação à Igreja. Acredita-se neles que a Igreja é ineficaz na solução da crise que avassala o mundo. Ela e a doutrina que prega, diz-se nesses meios, servem apenas para dar ao homem uma certa resignação, uma certa passividade, que o torna obediente à vontade do Estado. A este é que compete resolver a grande crise, pelas modificações da estrutura política e organização nacional tendo por fim o Estado, e a absorção por este das entidades particulares. Pretendem que só o Estado, tudo manobrando a seu talante, virá dar solução aos grandes e graves problemas da hora presente. Quanto à Igreja, enquanto o Estado o entender, permanecerá, mas colocada em uma posição secundária e entregue a atividades limitadas.

Não é assim, porém. Os que pregam a doutrina da competência única do Estado esquecem-se de que a crise universal, mais do que de natureza econômica, social ou política, é de natureza moral. As doutrinas anticristãs dos séculos passados, a partir da Reforma protestante, frutificaram no mais espantoso desequilíbrio moral. O homem viu-se obrigado por leis, por costumes, a um certo número de deveres.

Qual era, porém, a autoridade que lhe impunha estes deveres? Qual a sanção existente? Qual o prêmio? A autoridade era vagamente apontada por uns como sendo a sociedade, por outros como sendo o dever, por outros como sendo a honra; a sanção era representada pelo desprestígio, pela desonra; o prêmio, pelos bens materiais, ou pelas glórias do mundo.

Diante dessa “autoridade” praticamente inexistente, dessas “sanções” que muito frequentemente redundavam em honras, e desse prêmio sempre tentador para o homem decaído de ser racional a “animal” apenas um pouco superior aos outros, o homem optou só pelo prêmio, sem se importar com a autoridade e com as sanções. E o resultado foi a procura dos bens materiais segundo a concepção darwiniana da vitória do mais forte; depois veio a revolta dos mais fracos ainda para se apossarem dos bens materiais, até que veio o Estado disposto a resolver tudo por medidas discricionárias que esmaguem, se for preciso a uns e a outros, mas que lhe permitam a posse daqueles bens que todos almejam.

Ora, o Estado com suas medidas puramente materiais, ou aplicando o espiritual com fins políticos, é incapaz de remediar a situação. E é disto que os católicos devem convencer-se. É muito grande a traição que eles fazem à sua Fé e à sua Igreja quando abandonam os meios que Ela oferece para a salvação da sociedade e vão tomar outros muito limitados com os quais pretendem aplicar os mesmos princípios.

Agindo como católicos, usando os meios católicos, na aplicação dos princípios católicos tem-se a plenitude da vida da graça. Mas agindo apenas como homens, usando apenas os meios humanos, sem ter em vista o sobrenatural, ou considerando-o apenas como secundário, tem-se somente um trabalho humano, que nesta matéria é inteiramente falho e imperfeito.

É por isso que a Igreja aponta aos seus fiéis a Ação Católica. Nela eles terão trabalho de sobra e trabalho eficientíssimo para a cura da sociedade.


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