Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comentando...

A Igreja e a educação física

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 28 de março de 1937, N. 237, pag. 2

 

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Tendo recebido uma carta de um leitor, na qual ele nos atribuía, por um mal entendido aliás, a afirmação de que “a Educação Física é prejudicial à Moral” queremos aproveitá-la para um esclarecimento de ordem geral sobre a doutrina da Igreja nesse assunto.

Em primeiro lugar nunca fizemos, nem faríamos aquela afirmação. Podemos endossar a opinião de Vignard, ilustre médico católico de Lyon de que “a cultura física contribui para manter em linha no físico e mesmo no moral... etc.” Vejamos agora o que diz Pio XI sobre a educação física em sua Encíclica “Divini illius magistri” referente à educação cristã da juventude. As restrições que Sua Santidade aponta são evidentemente as que todo o católico tem que apontar, isto é, não pode a cultura física ocupar o primeiro plano na vida nacional, em risco de cairmos no materialismo mais cru. Eis o que diz Pio XI:

“... para a defesa externa e interna da paz, coisas tão necessárias ao bem comum e que requerem especiais aptidões e peculiar preparação, o Estado se reserve a instituição e direção de escolas preparatórias para o exercício d'algumas das suas funções, e nomeadamente para o exército, desde que não ofenda os direitos da Igreja e da família naquilo que lhes pertence. Não é inútil repetir aqui, de um modo particular, esta advertência, visto que nos nossos tempos (em que se vai difundindo um nacionalismo tão exagerado e falso quanto inimigo da verdadeira paz e prosperidade) a chamada educação física dos jovens (e às vezes mesmo das meninas, contra a própria natureza das coisas humanas) absorve muitas vezes desmesuradamente, no dia do Senhor, o tempo que deve ser dedicado aos deveres religiosos e ao santuário da vida familiar.

“Não queremos, de resto, censurar o que pode haver de bom relativamente ao espírito de disciplina e de legítima ousadia em tais métodos, mas somente todo o excesso, qual é por exemplo o espírito de violência, que não deve confundir-se com o espírito de intrepidez nem com o nobre sentimento do valor militar em defesa da Pátria e da ordem pública, qual é ainda a exaltação do atletismo que marcou a decadência e a degenerescência da verdadeira educação física, mesmo na época clássica pagã”.

E em outra parte da Encíclica, depois de expor os princípios que tornam criticável a coeducação dos sexos, Sua Santidade escreve:

“Apliquem-se estes princípios no tempo e lugar oportunos, segundo as normas da prudência cristã, em todas as escolas, nomeadamente no período mais delicado e decisivo da formação, qual é o da adolescência; e nos exercícios ginásticos e desportivos, com particular preferência à modéstia cristã na juventude feminina, à qual fica muito mal toda a exibição e publicidade”.

Assim se exprime sobre a educação física o antigo alpinista e hoje Sumo Pontífice. E suas palavras dizem claramente a realidade das coisas.


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