Plinio Corrêa de Oliveira
Do punho cerrado ao “Salve Maria!”
Legionário, 21 de fevereiro de 1937, N. 232, pag. 1-2
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O clichê que ilustra esta nota é tristemente sugestivo; mostra ele um grupo de garotos em marcha, punhos fechados na saudação comunista, e empunhando a estrela soviética. É um pequeno grupo da secção infantil das Juventudes Comunistas francesas. E como se vê, a bandeira francesa foi substituída pelo símbolo de Moscou. De “La Croix”, magnífico jornal católico francês, extraímos os dados que se seguem, relativos à força das “Juventudes” extremistas na França. “As Juventudes marxistas dão prova de uma atividade verdadeiramente extraordinária... Seus esforços de propaganda são constantes, suas iniciativas de domínio, incessantes. Apoiados por meios numerosos, parecendo dispor de recursos abundantes, as Juventudes marxistas são poderosas e organizadas. As “Juventudes comunistas” anunciavam a distribuição até o dia 28 de Dezembro último de 67.900 fichas de adesões para 1937, sem contar as 11.000 aderentes das organizações de meninas. Seu jornal, “L’Avant-Garde” de 6 páginas bem ilustradas, teve em 1936 uma tiragem de 3.315.000 exemplares, o que dá uma média semanal de 63.800 exemplares, ou seja 4 a 5 vezes mais do que há três anos. As “Juventudes Socialistas” que contavam 15.000 aderentes em 1º de Janeiro de 1936 tinham 40.000 em fins de Dezembro último. Seu jornal, “Le Cri des Jeunes”, foi melhorado e uma revista, “Jeunesse”, foi criada ao correr do ano. A F.S.G.T., organização esportiva de obediência marxista, anuncia que dirige agora 1.067 clubes com 80.000 sócios. Preocupações das “Juventudes” O ideal das “Juventudes Comunistas” é a criação de “uma frente única da mocidade, animada pelos jovens comunistas”. Para a realização desse pensamento, diz “La Croix”, tem sido dados os passos necessários: tais a fundação da “União das meninas de França”, campanhas de reinvindicações operárias, organização esportiva e organização de propaganda. E esta última se faz agora principalmente em torno da guerra civil da Espanha. A propósito desta, a “Juventude Comunista” francesa, além de entrar em contacto com as associações congêneres de outros países, tem promovido conferências e subscrições a favor do governo comunista de Valência. E, noticia “La Croix”, que a “Juventude comunista” remeteu à própria custa, para a Espanha, um navio com batatas, conservas, roupas etc. A reação em França A verdadeira França, a que conserva as gloriosas tradições da “Filha Primogênita da Igreja” reage energicamente contra a bolchevização da infância, contra o assalto à melhor parte da Nação que é a sua juventude. É assim que as “Juventudes Católicas Masculinas” congregam 200 mil moços e as femininas, 180 mil associadas. Para os meninos existe uma associação escotista, os “Scouts de France”, sob a direção do general Guyot de Salins; a ela estão filiados 55.000 meninos. As meninas estão reunidas nas “Guides de France”, com 13 mil sócias. Finalmente, o ensino primário católico, o ensino livre a que nos referimos em nosso número de domingo último, é dado em 1.165 escolas, frequentadas por 931.667 alunos e conta 31.870 professores. Tal o apostolado que a Igreja desenvolve, certa de que a salvação da França e do mundo só dela pode vir. As Congregações Marianas de menores Entre nós a organização das “Juventudes Católicas” está se realizando nas Congregações Marianas. É uma graça especial de Nossa Senhora, que assim quis distinguir a mocidade brasileira. E nossas Autoridades Eclesiásticas, compreendendo a Vontade divina e a necessidade de preservar a juventude, insistem na multiplicação das Congregações Marianas de Menores. Assim se forma uma mocidade dotada de uma consciência católica esclarecida e de uma vontade disposta a todos os sacrifícios pela causa de Deus e da Igreja. Se é verdade, porém, que as Congregações de Moços já são numerosas, é preciso observar que as de Menores ainda não o são como seria de desejar. E, entretanto, os menores têm dado as melhores provas de uma perfeita compreensão do espírito mariano. Sabem obedecer às Regras da Congregação com a maior dedicação, sabem sacrificar-se quando é preciso e obedecer à vontade divina quando esta os chama. Atestam-no sua frequência ao último Retiro, ao qual compareceram perto de 600 Congregados Menores, e da qual dá uma pequena demonstração o grande número de vocações religiosas saídas dessas Congregações. E se ocultamente, talvez, muitas crianças brasileiras estão sendo ensinadas a saudar a foice e o martelo com o punho cerrado, gesto de ódio e de desespero, por que não disseminar por toda a parte as Congregações Marianas de Menores, que, com voz cristalina e enérgica das almas puras, saúdem o emblema mariano com um vibrante “Salve Maria”? |