Plinio Corrêa de Oliveira
Comentando...
Legionário, 2 de agosto de 1936, N. 203, pag. 2 |
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O Sr. Gustavo Barroso, que é um dos elementos mais nitidamente simpáticos ao Catolicismo nas fileiras integralistas, acaba de publicar um artigo sobre “A Igreja e a Política”, cujos dizeres, de modo geral, endossamos. Consiste o artigo em uma demonstração da tese indiscutível entre católicos de que não é lícito a um filho da Igreja desinteressar-se da política de seu país, seja sob que pretexto for. Será supérfluo dizer que aceitamos o princípio sustentado pelo Sr. Gustavo Barroso, como por todos os publicistas católicos do mundo. E, até, na defesa desse princípio, vamos muito mais longe do que S. S. Não nos limitamos a achar que os católicos se devem interessar pela política, a título privado. Achamos que a própria Ação Católica, oficialmente, pode e deve intervir na vida política do país, desde que estejam empenhados em qualquer luta os princípios da Igreja. É o próprio Pontífice Romano quem o diz, na carta que enviou ao Episcopado Argentino, em que declara que a Ação Católica daquela República deve até intervir em eleições, desde que seja isto conveniente aos interesses espirituais do país. Uma conclusão, porém, e muito positiva, podemos tirar desse princípio: é de que o elemento católico, para fazer a defesa eficiente de seus direitos religiosos, não necessita de outro instrumento, e nem poderia encontrar outro melhor, do que a Ação Católica. Não a esta nem àquela corrente política, mas à Ação Católica, cabe por excelência o direito e o dever de defender as reivindicações da Igreja. Os partidos políticos que quiserem colaborar com a Ação Católica serão, naturalmente, acolhidos por esta como utilíssimos cooperadores. Mas, sob título nenhum, em caso nenhum, sob pretexto nenhum, a Ação Católica se poderia tornar caudatária de um grupo político qualquer. O que devem então fazer os católicos inscritos em correntes políticas? A resposta é óbvia. O católico deve ser um cidadão modelar. Como tal, deve escolher o partido que lhe pareça mais capaz de dirigir o País. Há nesta escolha de partidos uma série de problemas temporais a resolver, de que a Igreja não quer ser juiz. Ela recomenda tão somente aos seus fiéis que os resolvam com patriotismo. Acima disto, porém, fica o dever religioso. Ingressando para qualquer partido, corrente política, o católico deve: a) manter irrestrita sua liberdade de votar, sempre que necessário, com a Ação Católica; b) colocar sempre seu idealismo religioso acima de quaisquer preferências partidárias ou preocupações temporais. Serão muitos, entre nós, os católicos que assim procedem? |