Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comentando...

Sangue e paganismo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 19 de julho de 1936, N. 202, pag. 2

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Transita na Câmara Federal um projeto, visando proibir as corridas de automóveis. Um deputado maranhense, falando sobre elas, fez uma evocação da Roma antiga, no seu período de trevas, quando se exigiam espetáculos em que se derramasse sangue, muito sangue.

Feliz evocação. Agora, enquanto há alguns mortos ainda mal enterrados, em consequência do desastre da recente corrida; enquanto uma corredora sofre num hospital e dezenas de outros populares, quase todos pobres soldados, estão ainda em perigo de vida e a maior parte em risco de se verem condenados a horríveis mutilações; enquanto algumas almas caridosas pensam na maneira como consolar de algum modo esses infelizes; agora, enquanto ainda se vê o sangue derramado nas corridas de Domingo, leem-se nos jornais projetos de futuras competições automobilísticas, discussões acerca da superioridade técnica deste, contra a superioridade do carro daquele, ou sobre outro que vai adquirir um automóvel mais potente que o tornará invencível...

Lastimável, simplesmente.

Que essa lei encontre bom senso no plenário, é o que auguramos. Só em caso contrário seria votada, para que possa ainda correr sangue, mais sangue, no mundo repaganizado, e dinheiro, muito dinheiro, para o bolso dos organizadores de combates de gladiadores, em pleno século XX...


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