Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comentando...

Ciência russa...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 5 de julho de 1936, N. 201, pag. 3

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Em meados do ano findo comentamos ligeiramente a ida de dois representantes de S. Paulo à Rússia, para o Congresso Internacional de Fisiologia, realizado em Leningrado. Dissemos então que não compreendíamos como se enviassem esses representantes “à Rússia, país que nada apresenta no momento, digno de ser visto, sob o ponto de vista científico como, aliás, sob qualquer outro, em que pese a opinião favorável dos sovietófilos e à propaganda que se faz; tudo quanto se conhece em publicações e livros é rudimentar, quando não infantil e revela uma decadência espantosa da ciência russa”. E acentuando que o interesse dos pesquisadores brasileiros, estava todo no encontro com os técnicos da Europa ocidental e na visita aos laboratórios desta parte do Velho Mundo, escrevemos que “não seria preciso mandá-los à Rússia, pois sua estadia neste país representa um tempo absolutamente perdido; melhor seria que eles fossem enviados diretamente aos países onde há verdadeira ciência e onde sua viagem não seria inútil”.

Temos agora a confirmação do que dissemos então, na palestra que recentemente fez no Instituto Biológico, o dr. Dorival Cardoso, um dos fisiologistas que representou o Brasil no referido Congresso.

Referindo-se à ciência na Rússia, mostrou o valor dos antigos cientistas, Pawlow, ainda vivo em 1935, e alguns outros, e dos velhos laboratórios onde trabalhavam. Quanto aos novos, para começar, nenhum fala outra língua senão o russo!... Dos laboratórios visitados só dois - o dos irmãos Zawadowsky e o de Madame Stein - davam uma impressão mais ou menos boa. Os outros, como o Instituto de Medicina Experimental, a Escola Nacional de Agricultura etc. existem em formidáveis planos, em projetos grandiosos e... só! É assim que conversando com o prof. Vaviloff, da Escola Nacional de Agricultura, dele ouviu muita coisa, mas... nada viu! Em resumo, todos os laboratórios são medíocres, as fontes de informações são miseráveis, as bibliotecas mesquinhas. O resultado é que a maior parte do trabalho se reduz a fazer “descobertas” já feitas em outras partes do mundo!...

Tal é a ciência russa que o dr. Osório César e alguns outros médicos pretendiam transplantar para o Brasil com suas elegantes traduções de trabalhos soviéticos!


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