Plinio Corrêa de Oliveira

 

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A história da economia brasileira

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 26 de abril de 1936, N. 196, pag. 3

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O sr. Roberto Simonsen vem realizando uma série de conferências com o título acima, na Escola Livre de Sociologia e Política.

O assunto é de sumo interesse, por tratar-se um largo campo de estudos ainda quase por desbravar. Daí a curiosidade despertada, para o que muito contribuiu o renome do conferencista.

Causou-nos por isso grande pesar a verificação do ponto de vista do conferencista, e a interpretação que dá aos fatos.

Logo nas primeiras palestras o conferencista, referindo-se às causas de decadência da Espanha, enumera-as: foram de ordem econômica, moral e política, e eram o “despotismo religioso sem paralelo”, “a absorção nos conventos de 1/34 da população, a expulsão dos mouros e dos judeus. Ao mesmo tempo que se expulsavam classes laboriosas (sic) aumentava assombrosamente a classe dos nobres”. O resumo acima foi o da imprensa.

Não compreendemos como o orador, que pouco antes atribuía a decadência espanhola às divisões internas, possa ao mesmo tempo acusar um despotismo religioso imaginário. Não sabemos se o conferencista se referiu também às fogueiras da inquisição. Não admiraria, pois despotismo religioso é uma lenda. Na realidade nunca existiu, e foram os grandes reis católicos, como Fernando e Isabel, que fizeram, com a unidade religiosa, a grandeza da Espanha.

No regime então vigente, o Estado não se dedicava a obras sociais. Todos que estudam a história, sabem que as ordens religiosas cultivavam os campos e se dedicavam a indústria, como os beneditinos etc. Por isso o 1/34 da população — não vamos discutir esse dado — era na realidade a parte mais ativa do povo, como ainda hoje, o auxílio das ordens religiosas é precioso em qualquer obra social.

O grande contingente de sangue mouro dos espanhóis mostra que foram expulsos os elementos guerreiros. Assim tinha que ser, se o sr. Simonsen não pretende que foi um mal, a reconquista da Espanha aos invasores. Mas destes ficaram os elementos radicados ao solo (...).


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