Plinio Corrêa de Oliveira

Legionário, 12 de abril de 1936, N. 195, pag. 3

O prof. Miguel Osório de Almeida, da Universidade do Distrito Federal, concedeu, no dia 31 de março p.p., uma entrevista aos “Diários Associados”, no inquérito que estes realizam à margem do grande questionário organizado pelo Ministro Gustavo Capanema, sobre o Plano Nacional de Educação.

O entrevistado discorreu longamente sobre a Universidade, conceito e definição, organização, espírito e finalidades dessa importante instituição, numa linguagem invariavelmente imprecisa, o que se deve atribuir ao seu gosto “de nos momentos perdidos” deixar-se “levar por divagações abstratas...”, resultando daí, contradições em suas palavras.

O que o prof. Miguel Osório expressou sobre o ponto de vista religioso do problema universitário, e que em seguida transcrevemos, é uma prova do que acabamos de afirmar:

“Do ponto de vista leigo, ela (a Universidade) se esforça por organizar o reino de Deus sobre a Terra. O que procuramos nós como sentido profundo dessa expressão? Em uma palavra: a felicidade (o grifo é nosso). Não a felicidade passageira, momentânea, precária, que não se distingue do prazer, mas a felicidade profunda, impossível de definir, inatingível, inacessível e entretanto a aspiração constante de cada um de nós, quer sejamos ascetas ou mundanos, sábios ou ignorantes, civilizados ou primitivos, quer a situemos neste mundo quer a desloquemos para mundo melhor e extraterreno, quer a desejemos no presente, quer a esperemos na vida futura, enfim, quer a procuremos na agitação exterior, quer a criemos nos segredos de nosso mundo interior.”

Ora, a Universidade tem “como finalidade última” (o grifo é nosso) a “preparação da felicidade”. Mas o conceito de felicidade varia segundo as doutrinas através das quais os indivíduos a concebem.

Logo é absurdo pretender que uma Universidade laica e neutra, como o prof. Miguel Osório a quer, “realize o reino de Deus sobre a Terra”!...