Plinio Corrêa de Oliveira

Legionário, 29 de março de 1936, N. 194, pag. 3

Para aproveitar bem os “feriados” (sic) da Semana Santa, a seção esportiva de “O Estado de S. Paulo” está apresentando aos seus leitores um certo número de itinerários turísticos a serem realizados em automóvel ou em trem. Tal o melhor resultado que os homens pretendem retirar, agora, dos dias em que se comemora a Morte do Redentor: fazer viagens turísticas em massa, levando às populações ainda puras, do interior, o sentido mundano da profanação dos dias santos: imodéstia, algazarra, desordem. Felizmente, o habitante do interior, com o seu bom senso, verá nesses passeantes da Semana Santa, o que na verdade eles são: gente que perdeu a noção de sua própria humanidade para rebaixar-se à exclusiva animalidade. O que mais poderá dizer-se de quem se esquece da própria superioridade que lhe advém de possuir um entendimento, o qual, por uma luz apenas natural já deduz a necessidade de um Criador a quem deve obrigações e respeito?

Isso se pode dizer a propósito dos que se inscreverem para fazer esses itinerários, como de todos os que vem na Semana Santa apenas um período de folga.

Quanto aos promotores dessas excursões maciças, os quais argumentam com a possibilidade de ligar Domingo a Domingo, para as realizar, temos que perguntar porque não se lembraram de as promover nos dias de Carnaval o mesmo esforço que agora aplicam para descobrir um meio de perder quatro dias de trabalho, que poderia ser aplicado naquela época e então, talvez, com algum fruto. Mas, ainda e sempre o que importa é descristianizar, é esquecer essa Igreja casmurra (para eles), que nos dias da Semana Santa se cobre de luto e a todos chama para a penitência com a visão divina da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. É preciso abafar essa voz, e então... viajemos!