Plinio Corrêa de Oliveira

Legionário, 29 de março de 1936, N. 194, pag. 3

Os últimos incêndios e destruições de igrejas e conventos, praticados na Espanha por elementos das esquerdas, agora no poder, levam-nos a repisar uma questão interessante, argumento quotidiano de todos os adversários da Igreja. Dizem estes que a Igreja é obscurantista, inimiga das ciências e das artes, propugnadora da ignorância geral. Disse-o, entre outros, Blasco Ibañez, um dos desencadeadores intelectuais do atual movimento anticatólico espanhol; repetem-no por aqui todos os que blasonam de sábios e de profundos conhecedores da história! Mas, é para eles que os telegramas dos últimos dias vêm a calhar!

Assim é que em Madri, os agitadores da Frente Popular, incendiaram as igrejas de São Luís e de Santo Inácio, consideradas, dizem os telegramas, “autênticos monumentos de arte”. Na de São Luís, continua a notícia, “o famoso Cristo da Fé, também foi destruído”. Em Camas, província de Sevilha, o alcaide mandou arrancar da praça pública, e depois destruir, uma cruz de ferro, trabalho do século XVII e “de grande valor artístico”, refere a notícia. A igreja de Buitrago, nos arrabaldes de Madri, também foi incendiada, sendo que “o templo tinha um grande valor artístico”. Em Cádiz, 11 conventos e igrejas foram saqueadas “tendo sido destruídos os famosos oratórios de Rane”. Em Badajoz uma escola católica foi assaltada e destruído todo o mobiliário. O mesmo se deu em Madri na sede das “Damas Catequistas”. E tudo o que aí vem referido é um imperceptível grão de areia diante das destruições já realizadas no biênio de Azaña, depois na revolução das Astúrias e de muitas outras nestes dias.

Queremos agora pôr em relevo um fato. É o cuidado com que as agências telegráficas, e elas são bastantes insuspeitas, se referem ao valor artístico das obras destruídas. É a Igreja “obscurantista” guardando com tanto carinho essas obras de arte, e mais ainda, construindo escolas, pois até uma destas foi destruída pelos “anti-obscurantistas”!... É que a mentalidade destes mede-se pela do curioso e não menos ilustre alcaide de Camas!