Plinio Corrêa de Oliveira

 

Aliança Nacional Libertadora

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Legionário, 26 de maio de 1935, N. 172

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Depois dos inúmeros fracassos por que tem passado em nossa Pátria, parece que o movimento socialista se apresenta agora melhor organizado, mais ativo e mais revolucionário. É a Aliança Nacional Libertadora que, disseminada já em quase todo o Brasil, multiplica os seus esforços, organiza diretórios e congrega elementos que vão desde os chamados socialistas moderados até os congressistas mais vermelhos que são precisamente os chefes do movimento. E entre estes destaca-se Luiz Carlos Prestes que é o seu chefe supremo, como se depreende das declarações dos próceres da ANL os quais dizem “confiar nos ensinamentos do grande chefe”.

De qualquer maneira, ela representa uma organização nitidamente revolucionária, inimiga da civilização cristã e devemos estar prevenidos contra ela e contra seus manejos e atividades, tolerados pelo maior ou menor “esquerdismo” de grande número dos nossos homens de governo.

Se devemos estar prevenidos sobre o perigo de um movimento socialista, sempre possível pelo desenvolvimento que as idéias extremistas têm tomado em todos os meios, não quer isto dizer que devemos esperá-lo para depois esmagá-lo em uma demonstração poderosa de força e de sangue.

De um lado, impõe-se agora uma ação governamental coibindo a propaganda do mal, pois essa é sua função como guarda do bem público que é. De outro, impõe-se um trabalho enorme de reeducação moral, que tem que recair sobre os ombros de todos os que bem orientados se sentem capazes de contribuir com sua parte para o bem-estar dos homens. E o mal que perturba a humanidade não está tanto nos corpos como nas almas, é muito mais moral que material.  

Louis Veuillot (1813-1883), escritor francês, eminente figura da corrente ultramontana  (defensora do Papa e seus direitos) em seu país

É o que no século passado dizia Luiz Veuillot, e que muito melhor se aplica aos tempos atuais, quando a sociedade já chegou aos extremos que o grande pensador previa.

A chaga está nas almas; a estas é que deve ser levado o remédio. Não se trata de reprimir, de aprisionar, de fuzilar; não se trata mesmo de organizar o trabalho dos braços; trata-se de organizar o trabalho das consciências. Enquanto a sociedade não fizer cristãos os homens que a perturbam, ela os terá como inimigos encarniçados e implacáveis. O bem-estar material, embora realizado como eles o pedem, não os moderará; do bem-estar moral que eles têm necessidade antes de tudo. A grande fome de que eles sofrem, e que nada pode saciar, é a fome do orgulho...”

Estas multidões que reclamam com tanta insistência o pão do corpo, têm principalmente necessidade do pão da alma, que elas não reclamam e que não se lhes oferece. O que elas querem não está no poder da sociedade conceder-lhe, pois o que elas querem não é possível neste mundo. O movimento que as impulsiona é uma revolta profunda contra a lei comum imposta à humanidade. Elas recusam o trabalho e a miséria. É preciso livrá-las deste erro, ou preparar-se para ver a sociedade perecer nas reações mais e mais violentas do despotismo e da anarquia. Que se gastem, que se prodigalizem milhões, se se acham, é preciso; mas todos estes sacrifícios serão em pura perda se não se der um lenitivo à angústia moral das massas populares. Nenhuma prosperidade poderia durar, nenhuma forma política poderia manter-se em meio a um povo embriagado de cólera e de orgulho, entregue a falsos profetas que lhes prometem estabelecer na terra o Reino de Deus, e que pelo Reino de Deus estão longe - certamente! - de querer a lei de Deus”.

Eis Veuillot apontando aos homens, aos Católicos principalmente, o grande trabalho da recristianização da sociedade para que se estabeleça a verdadeira ordem. E esta vem primeiro dos próprios cristãos que devem viver como tais, para que suas palavras sejam corroboradas pelo exemplo de suas obras. E graças a Deus aqui, como em todo o mundo, a Ação Católica desenvolve-se a grandes passos, como a propugnadora e organizadora da ordem social cristã, na qual reine a caridade entre os homens de todas as classes, e como a antemural a que se chocarão as arremetidas da impiedade, venha ela de onde vier, da anarquia ou da tirania.


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