Plinio Corrêa de Oliveira

 

Mensagem

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Legionário, 12 de maio de 1935, N. 171

  Bookmark and Share

 

Vamos tratar, na nota de fundo de nossa edição de hoje, da mensagem presidencial que o Sr. Getúlio Vargas leu na inauguração do Congresso Nacional. Causava-nos estranheza que, em situação política e econômica tão grave, não tivesse tido S. Exa. uma única palavra de confiança naquela Providência Divina sob cuja tutela se colocou o Brasil no preâmbulo de sua carta constitucional.

Se não é fácil compreender o Sr. Getúlio Vargas em matéria política, é impossível decifrar o pensamento de S. Exa. em matéria religiosa.

Em família, parece que S. Exa. tem pendores protestantes, pois que deu a um filho o expressivo nome de Lutero.

Como deputado, parece que S. Exa. foi fiel a suas tendências, pois que conhecemos dele um bom número de discursos parlamentares hostis ao ensino religioso.

Como ditador, mudou S. Exa. de orientação. Terá contribuído para isto uma visão mais larga das “realidades nacionais”, adquirida do alto da suprema magistratura da Nação? Terá influído também, para tanto, alguma evolução religiosa secretamente desabrochada no recesso de seu coração? Não o sabemos.

O certo, porém, é que - honra ao mérito - S. Exa. assumiu, de [19]30 para cá, uma atitude de discreta simpatia em relação às reivindicações católicas.

Não é, pois, sem estranheza profunda, que vemos o silêncio profundo em que S. Exa. deixa a Providência Divina, num momento em que, mais do que nunca, seu auxílio onipotente nos é indispensável.

A feição inesperada que tomaram os debates parlamentares nos força, porém, reservar algum espaço para a promover desde já um ajuste de contas com os católicos de meias tintas, pela atuação de dois de seus representantes na Câmara Estadual.

Ninguém poderá negar aos Srs. Pacheco e Silva e Alfredo Ellis a qualidade de deputados dos católicos de meias tintas, uma vez que sem os seus votos, não teriam SS. Exas. conquistado as poltronas da Constituinte paulista, que ora ocupam.

Que tal lhes está sabendo àqueles que, no momento da luta, foram mais armandistas ou mais altinistas do que católicos, a atitude tomada pelos dois jovens parlamentares, na questão da eugenia?

Promovendo uma campanha em benefício da educação sexual e da esterilização, cravam SS. Exas. golpes profundos na família, pois que a educação sexual, tal qual a pleiteiam SS. Exas., destrói a família pela depravação da infância (pois que é este o resultado talvez involuntário a que SS. Exas. chegarão com a educação sexual) e a esterilização impede a consecução do fim primordial do casamento, que é a procriação.

O que vemos, pois, é que deputados eleitos com votos católicos atacam a doutrina dos seus eleitores.

Os fatos vêm, pois, em abono do que sempre afirmamos: que a atitude dos católicos que votaram em chapa completa, se não foi incorreta, pois que a tanto os autorizou a Liga Eleitoral Católica, inspirada em justíssimos motivos, foi a expressão de uma grande imprevidência no que concerne à causa da Igreja.


Bookmark and Share