Plinio Corrêa de Oliveira

 

À espera

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Legionário, 28 de abril de 1935, N. 170

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Há uma obra para nós católicos, a mais importante, a mais urgente porque é fundamental à realização de todas as demais de uma verdadeira ação social católica, à qual o “Legionário” dedica o mais vivo interesse: a imprensa católica, e dela vamos nos ocupar hoje.

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Quando todos os pensamentos políticos e quase todos os filosóficos ou religiosos apresentam-se aos homens por intermédio de seus órgãos de imprensa, vemos o Catolicismo lamentavelmente atrasado nesse campo, pelo menos em nossa Pátria. Há na verdade diários católicos, que vegetam ou pela indiferença dos católicos ou porque não se apresentam devidamente para conquistarem o interesse público. Há o esforço imenso de uma multidão de pequenos jornais e revistas, cada um útil no seu respectivo campo de ação onde tem feito, e continuará sempre a fazer, o maior bem às almas.

Falta-nos entretanto o grande jornal, formador da consciência social católica, construtor de uma sociedade que não será nova, pois será apenas a volta, depois de vários séculos de erros liberais, à sociedade informada pelos puros princípios do Catolicismo. E esta sociedade nem poderá ser a coletivista, que pretendem os extremistas da esquerda, nem a totalitária ditatorial que engloba no Estado todas as coisas, mesmo as que ultrapassam os limites do próprio Estado. Esta sociedade será a sociedade cristã, na qual, portanto, dar-se-á ao homem o seu verdadeiro valor de criatura feita à imagem de Deus e por isso digna do maior respeito.

Não será o desaparecimento da personalidade humana nos quadros do proletariado oficial ou nos agrupamentos feitos em função da raça ou da Nação. Mas esta consciência social católica exige para sua formação uma voz que todas as manhãs ande pelas ruas, que penetre em todas as casas, que suba a todos os escritórios, que viaje em todos os veículos, que bata a todas as inteligências, mostrando-lhes a perfeição da doutrina católica, os remédios que ela aponta para os males sociais; o tipo de sociedade que ela preconiza; e essa voz é o jornal.

Nós, os católicos, temos que nos render à evidência da necessidade iniludível de uma imprensa católica organizada, de um grande jornal católico capaz de guiar os espíritos com a luz da verdadeira doutrina, que é a da Igreja infalível, para a moralização dos costumes, para a recristianização da sociedade.

Uma imprensa católica forte será a animadora de todas as grandes obras de ação social católica e a maior inimiga dos abusos e dos atentados da chamada imprensa neutra. Um grande diário católico será o mais corajoso defensor das nossas instituições e tradições, e o mais perigoso inimigo de todos os falsos doutrinadores e de todos os extremismos.

Em nossa terra, o início de uma grande imprensa católica está à espera do apoio decisivo dos católicos para realizar o seu ideal, para cumprir a sua missão.


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