Plinio Corrêa de Oliveira
Comentando...
Legionário, 3 de março de 1935, N. 166, pag. 3 |
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A cidade nem sequer suspeitou do grande mal que não só a ameaçou, como também a um grande número de famílias pobres. Bastava a simples execução iminente de uma lei impensada para desabar um sem número de lares sob o temporal da miséria. Porém, a grande prejudicada seria a imprensa. Feridos em seus legítimos direitos, os nossos jornaleiros tomariam uma atitude violenta e não sabemos como se arranjariam as nossas redações atulhadas de edições inteiras. Há certas coisas que só se avaliam bem quando nos vem a faltar. O jornaleiro é quem completa a obra dos tipógrafos de pôr o pensamento do jornalista em contato com o grande público. Mas, não era possível que indivíduos que guardam em sua retina aspectos paulistanos de há 30, 20 anos, vistos do mesmo local onde ainda hoje permanecem no exercício honesto de sua profissão, fossem profundamente prejudicados. Começa então a atuação de um homem de roupeta preta — D. Polycarpo Amstalden, O. S. B. Com o prestígio que só a investidura do hábito talar confere, acalma os ânimos e consegue do poder municipal o compromisso de salvaguardar a classe, na regulamentação da lei. É a história que se repete: é a Igreja na sua eterna missão de amparar os fracos, é o ministério divino a distribuir solícita e carinhosamente a caridade! Este fato evidencia o efeito providencial da intervenção do monge: mais de 600 jornaleiros se reúnem no seu Sindicato; uma palavra basta para acender a greve. Mas o beneditino se vale da sua paternidade espiritual; intercederá por eles, contanto que se vão em paz. — “D. Polycarpo prometeu, e isto nos basta” dizem eles. É o duplo reconhecimento do prestígio moral da Igreja, através de um digno sacerdote seu: diante dela cedem os poderosos do Governo e a massa dos humildes, dos pequeninos, mas dos bem intencionados. |