Plinio Corrêa de Oliveira

Legionário, 14 de outubro de 1928, N. 21, pag. 2

Em “O Combate”, de 24 de Setembro, p.p., a propósito de um artigo da sra. Maria Lacerda de Moura, estampado dias antes no mesmo periódico, em que a distinta pensadora patrícia, apreciando um livro do escritor mexicano Alfonso Toro, emite várias opiniões sobre a questão religiosa no México, dizendo que tal questão não é somente mexicana, mas, americana e, por conseguinte, brasileira, um tal dr. Lauresto faz diversas considerações tão destituídas de lógica, como de conhecimentos históricos. Depois de dar nosso fanatismo religioso e nossa intolerância nos domínios da consciência e da religião, como herança que recebemos de nossos colonizadores, diz que seria facílimo evitarmos as agruras, os ódios, as perseguições etc. de uma questão religiosa: era, diz ele, os representantes do poder, desde os mais altos aos mais baixos, executarem as leis que nos regem nesse terreno de liberdade, igualdade de cultos e de liberdade de consciência e de pensamento. E, acentua o articulista, as constituições federal e estaduais são liberais e expressas nesse sentido

É interessante como o ilustre colaborador de “O Combate” fala em questão religiosa no Brasil, em ódios, perseguições, em liberdade de cultos, de pensamento e de consciências, fazendo de tudo isso uma mixórdia terrível.

S. S. tem uma força de imaginação admirável. Senão, vejamos: onde o sr. Lauresto viu tantas coisas feias? Ódios, perseguições, questões religiosas... aqui no Brasil? No México, é verdade, há uma questão religiosa; não provocada pelos católicos; seria absurdo pretender que eles incitassem uma perseguição contra si próprios.

Mais interessante ainda, é que o nosso articulista, arvorando-se em defensor da liberdade espezinhada e da consciência livre sufocada, em inimigo acérrimo dos perseguidores e intolerantes, quando se lhe apresenta uma ocasião de, profligando os algozes da liberdade, pôr em prática as suas liberalíssimas idéias, vira-se e chicotea... justamente as vítimas, os perseguidos! Salvo se a liberdade de culto, pensamentos e consciências é para todos os cultos, pensamentos e consciências... que não forem católicas!...