Plinio Corrêa de Oliveira

Legionário, no 753, 12 de janeiro de 1947

O "Legionário" é sempre muito reservado no que diz respeito a manifestações de Fé procedentes de elementos que, por seus antecedentes, não se caracterizam como tipicamente católicos. Esta reserva tem mais de uma vez chamado a atenção dos nossos leitores, e tem até provocado nos mais otimistas certas reações veementes. Por quê esta nossa reserva? Não - dizem eles - seria muito e muito mais caridoso acolher essas manifestações de braços abertos?

E como os tolerantes são terrivelmente "caridosos" para todos os defeitos, exceto para a intolerância dos "intolerantes", daí, decorre que esses "caridosos" mais de uma vez se tem mostrado terrivelmente intolerantes para conosco.

O "Legionário" sabe por experiência própria que não há pior intolerância que as dos tolerantes que positivamente não toleram os que não são tolerantes.

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Tudo isto vem a propósito do Sr. Ademar de Barros. Não é verdade que um pouco mais de prudência nos teria evitado amargas desilusões? Pois bem: o Sr. Ademar de Barros não é o único no gênero e há muita gente em todos os quadrantes políticos que não duvidaria em fazer o que ele fez, desde que daí lhe adviesse qualquer vantagem.

Os "tolerantes" provavelmente não tolerarão esta nossa observação. Também o que espanta, se eles são os piores intolerantes?

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Realiza-se agora, na Itália, o Congresso do Partido Socialista. Como se sabe, essa corrente está dividida em duas alas, uma das quais deseja e outra recusa a aproximação com os comunistas. Da primeira ala faz parte o Sr. Pietro Nenni, Ministro das Relações Exteriores. Pois esse político, tão simpático aos vermelhos, fez um discurso no Congresso Socialista altamente instrutivo. Disse ele que a diminuição de votos observada quanto aos socialistas nas últimas eleições municipais [se deve] às constantes crises e agitações que os comunistas promoviam dentro das fileiras socialistas.

Assim, pois, é com manejos desta natureza que os comunistas recompensam os esforços dos socialistas dos quais são aliados e com os quais desejam fundir-se.

Boa reflexão para os partidários da politique da la main tendue.

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Dissemos há dias, que as agitações do Vietnã não eram estranhas aos interesses e manejos da Liga árabe. Um telegrama enviado na semana passada pelo Sr. Jinah, chefe muçulmano hindu aos revolucionários vietnamitas assegurando-lhes a plena solidariedade de todos os maometanos da Índia confirmam inteiramente nosso ponto de vista.

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O movimento muçulmano é como um vasto oceano que se movimenta e cresce em toda a gentilidade de ponta a ponta. Assim outro telegrama procedente da Índia informou que o movimento autonomista está agora infeccionando a cidade de Goa, a mais importante da Índia portuguesa, sede de uma população católica e densa, com um Arcebispado, florescente, grande seminário, igreja com as relíquias sagradas de S. Francisco Xavier, etc., etc. Goa é um excelente ponto de apoio para toda a irradiação cristã no Oriente. Se ela se destacar do Império luso, maus dias virão para as missões. E Goa correrá terrível risco do ponto de vista espiritual.

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Para se ver o que é o mundo árabe, e como de ponta a ponta da gentilidade da África e Ásia, ele está agindo com coesão, método, eficácia, a milhares de milhas de distância do Vietnã, outro telegrama, procedente este do Cairo, informa que a Liga árabe tomou claramente posição a favor do Egito muçulmano contra a Inglaterra, na questão do domínio do Sudão. Quer toda a Liga árabe que o Sudão esteja sob o domínio da coroa egípcia, encimada pelo Crescente, não da coroa britânica encimada pela Cruz.

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E os maometanos não deixam passar coisa alguma. Há dias faleceu o sábio Franciscano Frei Anastácio Maria, da academia de Línguas árabes do Cairo. Imediatamente a Liga árabe propôs que sua inestimável biblioteca fosse adquirida pelas autoridades - biblioteca especializadíssima em questões muçulmanas - "a fim de evitar sua dispersão".

Ninguém ignora que os Religiosos tem voto de pobreza, e que assim não tem biblioteca pessoal, todos os seus livros pertencem à Ordem. E é claríssimo que esta não os venderá e muito menos "dispersará". Naturalmente, tal biblioteca constitui meio de ação muito eficaz para a alta formação dos missionários em países maometanos. Como tal a Ordem não a venderá de bom grado: será uma desapropriação. E é isto que a Liga árabe cogita.

Vê-se bem com que perspicácia e meticulosidade a Liga árabe sabe lutar.

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Alexandre Tahan, patriarca cismático de Beirute, declarou à imprensa que se cogita, no momento, de reanimar as comunidades cismáticas do Brasil e Argentina. Para este efeito, serão enviados dois arcebispos cismáticos, de Zahie e Beirute para nosso continente, a fim de estudar o problema in loco. Depois serão nomeados arcebispos cismáticos um para o Brasil e outro para o Prata.

Como já dissemos, a igreja cismática hoje em dia é um cadáver em decomposição. Sua putrefação ameaça contaminar os católicos, o comunismo dela se apossou inteiramente. Já temos um bom número de bispos cismáticos no Brasil, aos quais se juntaram Carlos Duarte da Costa, Salomão Ferraz e outros que tais. Vem agora mais um. De futuro ver-se-á que não exageramos a gravidade deste perigo.