Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

7 Dias em Revista

 

 

 

 

 

Legionário, 22 de abril de 1945

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Saiu, na semana p.p. em rodapé do "Estado da São Paulo" uma extensa crítica bibliográfica sobre o "Curso de Direito Natural" em boa hora traduzido para o português pelo Revmo. Pe. Rossetti, S. J.

Infelizmente, o excesso de matéria deste número nos obriga a deixar o assunto para nossa próxima edição. Esperamos publicar uma autorizada e excelente refutação daquele rodapé, da lavra do insigne tradutor de Taparelli.

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Hoje em dia, são raríssimos os livros que se publicam a respeito da moral. A palavra "moral" está agora gasta em certos ambientes, que parece não designar uma ciência, mas uma coleção de lugares comuns, mais ou menos bombásticos e ocos. E, por isso, um livro que procurasse intitular-se de moral teria contra si um terrível preconceito, um "anti-cartaz" como hoje se diria.

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Ora, precisamente o livro de Taparelli d'Azeglio contém os princípios fundamentais de moral, apresentados sob forma inteiramente científica, deduzidos filosoficamente e confirmados pela Revelação. Desses princípios, decorre toda a estrutura do Direito Natural, único e verdadeiro fundamento das civilizações dignas de tal nome. Assim, o Pe. P. Rossetti prestou insigne serviço em traduzir para nós a obra do Pe. Taparelli.

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A imprensa norte-americana publicou um discurso que o Presidente Roosevelt tinha pronto, e que não chegou a proferir por motivo de seu súbito falecimento.

Nesse discurso, que contém a bem dizer as palavras póstumas do Presidente para seu país e para o mundo, ele afirma que não seria possível pensar num mundo melhor, sem uma verdadeira restauração da ciência dos costumes. Ora, o que é a ciência dos costumes? É precisa e genuinamente a moral. Sem uma restauração da moral, o reerguimento do mundo seria impossível.

Penso que essas graves palavras, procedentes de um homem de tanta experiência e de tal responsabilidade, que nos chegaram a bem dizer de dentro de sua sepultura, ilustram perfeitamente a oportunidade de empreendimentos como o do Pe. P. Rossetti.

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Aproxima-se a queda de Berlim. Poderá durar muito. Poderá durar pouco.

Nas expressivas palavras do Sumo Pontífice, que aqui publicamos, notamos o anseio de seu coração paternal, por que Berlim se entregue logo. E tem toda a razão.

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Com efeito, não compreendemos a utilidade nem a liceidade dessa resistência prolongada, que só pode significar um inútil sacrifício de inúmeras vidas humanas.

Por que não se entrega o Sr. Adolf Hitler? Quer arrastar nas suas garras para o abismo a capital que durante tantos anos escravizou? Quer levar para a desgraça, consigo, todos aqueles que já desgraçou com seu regime?

À primeira vista, essa resistência obstinada parece ter algo de esplendidamente heróico. De fato, ela tem apenas uma certa grandeza sinistra e luciferina, própria a certo gênero de heroísmo pagão.

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Com efeito, se os defensores de Berlim revelam um grande desprezo para a morte – e nisto nos inclinaríamos à primeira vista, para admirá-los – mais atentamente consideradas as coisas, o que elas revelam é um soberano desprezo para a vida.

A vida é um inestimável dom de Deus, e nós somos responsáveis pela conservação desse dom, que devemos por certo sacrificar a valores mais altos, mas que não devemos esbanjar em holocausto a coisas inferiores.

Ora, para que o dispêndio de tanta vida? Por um pouco de vaidade nacional? Está nisto a verdadeira honra? Não, para corações cristãos, nunca.

Ninguém, mais do que a Igreja, preconiza e estimula o heroísmo. Ela é mesmo a única fonte do verdadeiro heroísmo. Mas o heroísmo não é isto. Porque o heroísmo só é virtude quando desenvolvido segundo as regras do bom senso.

E o que estamos vendo é precisamente o contrário do bom senso!


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