Plinio Corrêa de Oliveira

 

7 Dias em Revista

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 9 de abril de 1944, N. 609

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Em nosso artigo de fundo da edição retrasada, comentamos o silêncio obstinado das nações neutras, diante da eminência de um grave risco para a sagrada pessoa do Sumo Pontífice. Veio, agora, de Dublin, um telegrama da Agência Reuters que informou que o Sr. De Valera, chefe do governo irlandês declarou ter iniciado démarches [tratativas] no sentido de obter a declaração de Roma como cidade aberta. Para isto, o conhecido homem de Estado diz ter-se dirigido às várias nações beligerantes.

A atitude do Sr. De Valera - político que, seja dito de passagem, agiu assim impelido somente pelo pensamento dominante em sua pátria, já que ele próprio não merece a menor confiança do ponto de vista católico - indica claramente que não é inútil, na ordem das realidades diplomáticas imediatas, uma intervenção das potências neutras a favor de Roma. E isto torna tanto mais enigmática a atitude de outras potências neutras tão obrigadas quanto a católica Irlanda, a intervir com caráter mediador entre as potências beligerantes, para salvar a sede da Cristandade.

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Nada temos a dizer dos bárbaros fuzilamentos que as autoridades de ocupação têm efetuado em Roma. A Cidade Eterna sofre, assim, mais uma consequência da catastrófica política do Sr. Benito Mussolini. Quando o LEGIONÁRIO, por todos os modos, mostrava que o verdadeiro interesse da Itália católica estava em se distanciar inteiramente do nazismo, muitos italianos consideravam-nos inimigos de sua pátria. Agora, poderão compreender melhor que eram verdadeiros amigos da Itália os que anteviam as consequências funestas da política fascista.

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O que provam estes fuzilamentos? Mas.... [Nota: erro tipográfico, tornando as frases ininteligíveis] este fato que para ninguém é novidade desperta-nos uma reflexão angustiosa: é no meio de bandidos como estes, que se encontra o Sumo Pontífice!

As alegrias santíssimas desta Páscoa não devem apagar de nossa memória a ideia dos gravíssimos sofrimentos por que está passando o Sumo Pontífice. É preciso que peçamos a Nosso Senhor ressuscitado que faça esplender também sobre o Vaticano - ou principalmente sobre o Vaticano - as constelações celestes deste dia, a fim de que o Sumo Pontífice seja sustentado pelo auxílio divino, na luta terrível em que está empenhado.

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Até o momento em que escrevemos não chegou ainda a resposta das potências beligerantes à nota oficial em que a Santa Sé lhes pedia a incolumidade de Roma. Durante toda a Semana Santa, a Cristandade orou pelo Vigário de Jesus Cristo. Essas orações teriam sido vitoriosas ante o Trono de Deus? Ou será tal a dureza do homem contemporâneo que a voz da Igreja orante não a consegue vencer em presença do Altíssimo? É o que só os fatos poderão dizer.

De qualquer maneira, a oração perseverante é a única que agrada a Deus. O Criador se compraz, por vezes, em retardar suas graças para as dar maiores. Esperemos que o prolongamento desta tristíssima crise redunde em meio providencial para chamar à meditação e à oração a Cristandade, na qual tantos elementos se encontram distanciados do verdadeiro sentido das coisas. E que o desfecho de tudo isto seja a maior glória da Igreja de Deus.

Ainda há pouco ouvimos a oração litúrgica: "para que vos digneis de humilhar os inimigos da Igreja, vos rogamos, Senhor!" São esses, nossos mais ardentes votos de Páscoa.


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