Plinio Corrêa de Oliveira

 

7 Dias em Revista

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 30 de janeiro de 1944, N. 599, pag. 2

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A propósito de telegramas tendenciosos publicados nesta capital sobre a atuação do Revmo. Sr. Pe. Hipolito Chauvelon, S.S. na expedição Roncador-Xingú, estamos habilitados a informar o seguinte: S. Revma. se incorporou à expedição a convite do Sr. Major Vanique, e com a mesma prosseguiu até o local onde ela se encontra presentemente; dali S. Revma., solicitado por urgentes afazeres, prosseguiu viagem até o Rio das Mortes, onde exerce habitualmente seu benemérito ministério de missionário salesiano, e onde aguarda a expedição para com ela prosseguir até o final.

Como se vê, nenhum incidente houve entre aquele ilustre Sacerdote e a expedição Roncador-Xingú. As notícias publicadas em sentido contrário carecem de todo e qualquer fundamento, e tiveram na imprensa cotidiana um realce inexplicável, que se prende sem dúvida a campanha contra o Clero estrangeiro. Esta campanha de imprensa, que tem sofrido reveses decisivos como o malogro das acusações levantadas contra os Revmos. Padres Franciscanos de Cairú, está reclamando uma repulsa enérgica da parte da opinião católica brasileira.

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Merece registro a informação do jornal londrino "Daily Sketch", de que as autoridades nazistas que ocupam Roma pediram permissão ao Sumo Pontífice para organizar um filme sobre a situação atual do Vaticano, em que se demonstrasse a inteira normalidade da vida nos domínios papais.

O Sumo Pontífice, segundo aquela folha, recusou categoricamente o oferecimento nazista. Explica-se facilmente a atitude do Santo Padre. Se bem que possa continuar inalterada a situação material da vida do Vaticano, os nazistas continuam plenamente responsáveis pelas consequências catastróficas de sua presença em Roma. Assim, pois, a mera verificação da normalidade material do Vaticano só serviria para iludir as pessoas menos argutas, que não perceberiam, sob as aparências enganosas de alguma película astuciosamente confeccionada, toda a situação moral verdadeiramente trágica, o ambiente de anarquia, de ameaça, de hecatombe em que Roma está imersa, e que necessariamente repercutirá dentro dos muros de São Pedro. E tão funda e genuína é essa repercussão, que o Sumo Pontífice, deliberando heroicamente manter-se em Roma quaisquer que sejam os riscos, aumentou entretanto consideravelmente o efetivo das tropas pontifícias, dotadas agora de fardamento e armamento inteiramente modernos.

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O LEGIONÁRIO já tem mostrado muitas vezes que as perseguições antissemíticas do Sr. Hitler têm concorrido indireta mas poderosamente para a realização do sonho mais caro aos dirigentes judaicos mundiais. Seria difícil aos que representam a maior hierarquia na estrutura e tradições dos judeus convencer os seus inúmeros "patrícios" disseminados pelo mundo, da conveniência de abandonar as situações excelentes que desfrutavam em várias capitais europeias, a fim de se enterrar em um lugar desconhecido e distante como Tel Aviv. O que os dirigentes do sionismo não conseguiram, obteve-o Hitler. Com sua campanha antissemítica, povoou Tel Aviv, a nova cidade hebraica da Palestina, hoje dotada de inúmeros melhoramentos e de grande conforto. O "lar nacional" dos judeus, encheu-o o Sr. Hitler.

Ainda agora, um telegrama nos informa da viagem de um navio cheio de refugiados judeus expulsos da Europa pelo antissemitismo cruel do Sr. Hitler, que vão para Tel Aviv. E com que contentamento para os lideres judaicos do mundo inteiro!

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Andaram muitíssimo bem as autoridades britânicas, prendendo o vice-cônsul argentino Helmut, no porto de Trindade. Sob a capa de representante do governo portenho, Helmut era, na realidade, perigoso espião, de tal forma ligado a manobras contrárias à segurança de nosso continente, que as autoridades britânicas não tiveram meio senão de o deter. Depois do fato, as autoridades argentinas informaram que esse Sr. fora demitido anteriormente das suas funções.

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O Protestantismo continua a expiar sua revolta contra Roma, sofrendo o castigo clássico de todas as seitas dissidentes: são escravizadas pelo Estado.

A despeito da tradição milenar em contrário, o governo nazista acaba de decretar que as mulheres podem ser sacerdotisas protestantes substituindo os pastores mortos ou mobilizados. É a última expressão de dependência para uma igreja aceitar a legislação subversiva imposta pelo Estado em assunto relevante como seja o sacerdócio.


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