Plinio Corrêa de Oliveira

 

7 Dias em Revista

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 25 de julho de 1943, N. 572

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O bombardeio da cidade de Roma, da capital da Cristandade, é para nós fato tão doloroso que, em uníssono com o Santo Padre, lhe consagramos hoje o nosso artigo de fundo. Entretanto, há mais uma notícia dolorosa a comentar, esta de caráter doméstico. Não será demais que lhe consagremos todos os tópicos dos "Sete Dias em Revista".

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Lembramo-nos ainda da indignação, do alarma, dos protestos com que a opinião católica acolheu, há poucos meses, uma campanha articulada no sentido de implantar entre nós o divórcio a vínculo. Não havia coração na qual não vibrasse uma centelha de Fé, que não sentisse a mais funda contrariedade, a apreensão mais vivaz, a repulsa mais intransponível, a esse desígnio que aparecia patrocinado por certa imprensa e quiçá por certa política, de destruir em seu alicerce a família brasileira, introduzindo entre nós a poligamia a prestações, que é o divórcio a vínculo, equiparando-nos portanto, aos povos pagãos ou heréticos.

Foi tão vivaz o movimento de opinião que nessa ocasião se manifestou, que nos debates então travados no Conselho da Ordem dos Advogados, seção de São Paulo, um conselheiro divorcista votou contra o divórcio, apenas por entender que essa divisão interna entre brasileiros era hostil aos interesses nacionais em tempo de guerra. E quanta razão lhe assistia! No momento em que todos os esforços devem estar concentrados na defesa do país e na mobilização de seus recursos para a luta, por que provocar uma discussão intestina que constituirá certamente dos maiores abalos que a opinião pública possa sofrer?

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Andou muito bem, pois, o Conselho da Ordem dos Advogados de São Paulo quando votou contra o divórcio. Pouco depois, realizaram-se novas eleições. E os advogados do Estado elegeram um conselho de maioria antidivorcista esmagadora, com o que deixaram transparecer bem claramente a orientação da opinião pública, claramente antidivorcista.

Em São Paulo, pois, não temos preocupações. O voto contra o divórcio na Ordem dos Advogados será indiscutível.

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Tranquilizada por solenes garantias do Governo Federal, a opinião católica já não cogitava do assunto e se entregava laboriosa e enérgica aos afazeres da defesa nacional, quando nos chega a dolorosíssima notícia de que, no Rio de Janeiro, o Instituto da Ordem dos Advogados reabriu o debate em torno do problema, com uma conferência pública sobre o assunto! Querer-se-á ressuscitar a luta, reavivar todos os ressentimentos, perturbar novamente o espírito público e desafiar a opinião unanimemente católica do país?

Francamente, julgamos de tal maneira inoportuna qualquer atitude neste sentido, que nos parece que o Governo receberia o mais caloroso aplauso se fizesse cessar o debate, restituindo aos ânimos a desejada concórdia, e poupando ao país a mais terrível agitação.


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