Plinio Corrêa de Oliveira

 

7 Dias em Revista

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 18 de janeiro de 1942, N. 486

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Já se tem perguntado com que nome nossa época passará para a História. O século XVIII foi chamado o século da Revolução. O século XIX foi cognominado "do vapor", "da eletricidade", "das grandes invenções". Nosso século o que será? O "das grandes guerras?"

O futuro mostrará que vivemos em uma época de grande santidade e de grande ignomínia. Graças a Deus, muitas são as almas que, na profissão desassombrada da Fé, na prática esclarecida, sincera e humilde da piedade, na imolação generosa de si mesmos, que é a medula da vida interior, sobem de degrau em degrau até às culminâncias da perfeição moral que só na Igreja se encontra. Em todas as épocas têm na Santa Igreja florescido os santos cuja "produção" - se assim se pode dizer - é monopólio exclusivo dela. Em nossa época, entretanto, a fecundidade da Santa Igreja se patenteia de modo todo particular, e o século XX enriquecerá, se Deus quiser, de modo copioso o catálogo dos santos.

Entretanto, se a Igreja continua a brilhar como um sol de pureza sobrenatural, o pélago das paixões humanas se torna cada vez mais vasto, mais denso, mais torvo. É o castigo da apostasia do mundo contemporâneo. A iniquidade está, também ela, produzindo, cada vez mais numerosos, os seus frutos típicos. E, por isto, abundam hoje em número extraordinário os filhos das trevas.

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Mas os filhos das trevas têm, neste século, uma característica peculiar, uma marca de ignomínia toda própria. É a que se estampa na conduta moral dos inúmeros "quislings" que a propaganda da quinta-coluna tem espalhado por tantos países.

Agora nos chega das Filipinas uma notícia curiosa: é que também lá apareceu um "quisling". É ele um Sr. J. Vargas, que foi secretário do Presidente das Filipinas, e que rompendo as obrigações que para com o Presidente lhe impunha seu cargo de Ministro, aceitou de se colocar à testa do governo de Manilha, assim melhor servindo os estrangeiros.

"Colaborando" com o Japão, o Sr. J. Vargas não será senão mero instrumento nas mãos dos nipônicos, figura decorativa destinada a fazer o mesmíssimo papel que os Srs. Quislings, Mussert, etc.

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Nenhum católico pode perceber a razão pela qual, com tanta e tão jubilosa insistência, certa imprensa noticiou a construção em nossa capital de uma mesquita muçulmana. Já temos mais de uma sinagoga, e uma delas colocada em situação de grande evidência. Já temos uma igreja cismática em estilo oriental, e várias igrejas protestantes em estilo nórdico típico. Temos agora uma mesquita. Amanhã, o que teremos? Será que também deveremos aplaudir a construção de um pagode chinês, de um hall de danças para derwiches, etc., etc.?

Ufanamo-nos de que nossa civilização é cristã católica e que o imenso manto dessa civilização cobre de ponta a ponta nosso vasto território. Entretanto, basta aparecer, aqui ou lá, uma pequena larva para furar este esplêndido tecido de unidade, e imediatamente aplaudimos! Palavras, palavras, do que valeis? Trabalhamos intensamente para a diluição dos resíduos estrangeiros, e entretanto aparece um edifício que vai alimentar entre nós tradições obsoletas e pagãs, tipicamente opostas às nossas, um edifício que destoa de nosso ambiente e servirá de meio de aglutinação de estrangeirismo... e batemos palma!

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Objetar-se-á que o monumento só tem caráter artístico e não obedece a intuito religioso. É possível que essa alegação tenha estimulado certos elementos a ali comparecerem. Entretanto, ela não pode impressionar um verdadeiro católico. Um templo é um templo; uma religião falsa é uma religião falsa, e daí não há como fugir.

Não queremos, então, bem à colônia muçulmana? Muito. E é precisamente por isso que a queremos convertida. Querer bem a alguém é querer, para este alguém, o bem. E querer o bem é sobretudo querer o Bem por excelência, que é a Fé. Assim, é em espírito de cordialidade sincera, mas cordialidade católica e sobrenatural, e não puramente natural e humana, que desejamos para os muçulmanos, como aliás para todas as raças, o maior bem.

Não diríamos a verdade se afirmássemos que é apesar desses sentimentos que nos aborreceu o lançamento da pedra fundamental da mesquita. É precisamente por causa deles que assim pensamos e assim sentimos.

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Mas por que tantos comentários sobre um assunto que, dada a nenhuma possibilidade de expansão da religião muçulmana entre nós, carece totalmente de importância?

É que a ocasião nos foi propícia para trabalharmos por dissolver um pouco essa ganga de liberalismo em que se diluem por vezes as melhores qualidades de muitas pessoas. Não adianta dissertar apenas doutrinariamente. É preciso não ministrar apenas princípios abstratos - se bem que sem estes nada se faça de bom. É preciso ainda apresentar fatos e comentá-los de maneira que os princípios aí apareçam, não como uma folha seca de mostruário botânico, mas com a vida de uma folha ainda verde.

Todo o jornal que perca ou o amor à pura doutrinação, ou o amor à prática, é um jornal morto.

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O Sr. Ministro interino do Trabalho, fundando-se em parecer brilhantíssimo do Sr. Dr. Rego Monteiro, negou certas interpretações conforme as quais os benefícios de nossa legislação trabalhista se destinariam igualmente às esposas autênticas e às que não são esposas.

Este gesto nos leva a lembrar que também nossa legislação sobre funcionalismo público, lucraria enormemente se fosse tornado sem efeito o dispositivo que dá às funcionárias com filhos ilegítimos preferência para promoção, em igualdade de condições, sobre as que são solteiras.


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