Plinio Corrêa de Oliveira
7 Dias em Revista
Legionário, 16 de novembro de 1941, N. 467 |
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Não podemos crer que tenha sido fielmente reproduzida por um de nossos diários a entrevista concedida pelo Prof. Donald Pierson, catedrático de Filosofia Social da Universidade de Chicago, acerca da conferência que pouco depois S.Sa. realizou na sede da Sociedade de Psicologia. Com efeito, a tomar-se em consideração o que registrou o repórter, o prof. Pierson teria sustentado que a “criança, ao nascer, não é humana”. É fácil perceber o cunho nitidamente materialista desta afirmação. Em qualquer fase de sua evolução orgânica, a criança é sempre humana. Admitir o contrário seria abrir, em matéria de birth-controll [controle da natalidade], as consequências as mais errôneas e catastróficas. E um jornal católico não pode deixar de lavrar, contra semelhante afirmação, seu mais veemente protesto. * * * Registramos com satisfação as declarações feitas à imprensa pelo major Billot, militar francês egresso dos campos de concentração nazistas, que conseguiu fugir e atingir a Inglaterra, onde luta atualmente ao lado do bravo general De Gaulle. Afirma aquele militar que os prisioneiros franceses até agora inexplicavelmente detidos pelo III Reich, são cerca de 1.500.000, são nitidamente favoráveis a vitória da Inglaterra repudiando, pois, claramente a política ambígua do governo de Vichy. Acrescentou aquele militar que, sempre que um detento francês consegue escapar, o conhecimento do fato provoca no campo de concentração gerais manifestações de gáudio, cantando os infelizes prisioneiros entusiasticamente o “God Save the King” e outras canções inglesas. O despacho telegráfico que nos trouxe tais informações acrescentou, ainda, que mais de 200 prisioneiros franceses conseguiram, assim, fugir de 50 diversos campos de concentração nazistas. À vista disto, continuamos a perguntar a certos leitores franceses irredutivelmente cegos se continuam a achar que o “Legionário” se opõe aos interesses nacionais franceses combatendo a política nazificante do Sr. Pétain. E nem se diga que a oposição em que o “Legionário” está quanto à ambígua política de “aproximação” do Sr. Pétain resulta de um furor cego, e sem qualquer discernimento contra o nazismo. Se nosso furor fosse cego, seria menor. É precisamente porque não somos cegos, exatamente porque ao contrário de muitas pessoas de alma morna e medíocre, temos os olhos bem abertos para ver em toda a sua hediondez o perigo nazista, que nosso furor é enorme. Quanto aos nazistas, só os cegos não se podem enfurecer. * * * Aliás, uma prova disto está na diferença de atitude que adotamos quanto ao Rei Leopoldo III da Bélgica e o Sr. Pétain. Censurando enormemente o velho militar francês, que entretanto mãos impenitentes continuam a cobrir de louros, o “Legionário” manifestou, desde o início, profunda dúvida quanto às acusações que tão pertinazmente se faziam em torno da pessoa do Rei da Bélgica. Evidentemente, ainda é cedo para dizer sobre acontecimento tão complexo quanto a retirada da Bélgica do rol das nações beligerantes, uma palavra definitiva. Entretanto, nossas impressões simpáticas ao jovem soberano tiveram uma singular confirmação com o decreto em que as autoridades nazistas de ocupação na Bélgica proibiram, há dias, e muito categoricamente, que se festejasse no povo o dia de São Leopoldo, padroeiro do Rei, sob a alegação de que este se recusara, até agora, a colaborar com o nazismo. Como é tristemente diversa a situação do governo de Vichy... * * * Se consideramos muito simpático o protesto endereçado pelo governo chileno ao Reich contra a execução de reféns na França, não temos a menor impressão sobre o pedido dirigido por vários intelectuais daquela República, inclusive o reitor da Universidade do Chile, ao Sr. Pétain, para que não entregue ao governo espanhol o Sr. Largo Caballero. O Sr. Largo Caballero é um malfeitor mil vezes mais perigoso do que os piores criminosos de direito comum. Assim, pode e deve ser extraditado. (...) |