Plinio Corrêa de Oliveira

 

7 Dias em Revista

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 13 de abril de 1941, N. 448

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Um telegrama da agência Reuters, publicado na semana passada, comunicou que a estação transmissora do Vaticano verberou severamente as medidas anticatólicas tomadas pelas autoridades nazistas na Alsácia e Lorena, bem como em outros lugares da França ocupada. O Ex.mo Rev.mo Sr. Bispo de Strasbourg foi expulso de sua diocese. A famosa Catedral de Strasbourg foi fechada devendo ser transforma em museu. Nas escolas primárias já não se leciona Religião. As escolas particulares já não podem ministrar ensino católico. E as escolas pertencentes a Sacerdotes foram proibidas de funcionar, exceção feita das que se destinam ao ensinamento de surdos e mudos. No curso secundário, só se permite o ensino da Religião nas primeiras séries. A Faculdade e o Seminário de Strasbourg foram também eliminados. As associações católicas só poderão funcionar sob a direção do Estado. Toda a imprensa católica, inclusive os simples boletins paroquiais e até os comunicados religiosos semanais, foi suspensa.

Assim, pois, ruínas sobre ruínas, se vão acumulando na França ocupada.

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Nossa época, entretanto, tem olhos para ver as coisas materiais. Se as autoridades nazistas tivessem reduzido ao estado de surdo-mudez todas as crianças da Alsácia-Lorena, um clamor geral teria certamente ecoado pelo mundo inteiro. Entretanto, muito mais felizes são os pobres surdos-mudos a quem se vai ainda permitir o ensinamento religioso, do que as crianças que forem obrigadas a crescer sem conhecer suficientemente a Deus Nosso Senhor. Mas quem se lamenta por isto? Quais são as almas com espírito de Fé capazes de compreender isto?

Os católicos que, sob pretexto nacionalista, desejaram o triunfo do nazismo na França, e se regozijaram com a vitória, estão contentes com estes resultados? Quantos deles choraram a Paixão do Senhor nas Igrejas, e se alegram com um estado de coisas de que decorreu uma tal série de ruínas para as almas?

Mas a este propósito cabe uma pergunta: ainda serão eles realmente católicos?

* * *

Não podemos deixar de manifestar nosso profundo sentimento de dor, vendo que nas vésperas da Semana Santa, [...] o europeu se alastrou consideravelmente envolvendo na luta povos que ainda estavam em paz. Que sangue de cristãos se derrame assim, exatamente quando a Igreja se dispõe a celebrar a Paixão do Senhor, é fato dolorosíssimo que ninguém pode deixar de lamentar. Em geral, não se tem suficiente ideia do valor do sangue de um cristão. O Santo Cura de Ars, certa vez, precisando fazer uma sangria porque seu estado de saúde exigia, exigiu que o sangue que dele fosse tirado, fosse convenientemente posto no cemitério “por ser sangue de cristão”. Que exemplo para tanta gente!

* * *

Porém, muito mais do que o sangue dos cristãos valem as suas almas. Ora, quantas e quantas almas poderão perder-se se a heresia triunfar nesses novos embates? Quem pode não tremer diante desta perspectiva?

Quem pode não lamentar muito mais que se venham a perder as almas do que a efusão do sangue?

Rezemos. É esse o nosso grande dever, porque a oração é uma arma que as metralhadoras não inutilizam, os tanques não esmagam, os aviões não bombardeiam, e os gases pestíferos não atingem.


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