Plinio Corrêa de Oliveira

 

7 Dias em Revista

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 3 de dezembro de 1939, N. 377

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O valente órgão católico de Porto Alegre “A Nação” publicou uma notícia sensacional segundo a qual se desenvolve presentemente um grande esforço em prol da implantação do divórcio a vínculo no Brasil.

Evidentemente, essa notícia nos deve colocar de atalaia. Se os católicos querem facilitar às autoridades a obra de reprimir e esmagar essa manobra soez, devem fazer sentir todo o vigor de sua opinião. Não poderia haver uma lei mais profundamente contrária ao espírito católico do que a do divórcio. Realmente, introduzida na família a insuportável desordem do amor livre, que o divórcio necessariamente traz consigo, estará desorganizada toda a sociedade. E viria acarretar os mais graves inconvenientes para a vida moral e religiosa do povo.

* * *

Fazemos inteira e irrestritamente nosso o protesto do “Osservatore Romano” contra a invasão da Finlândia.

Como já temos dito mil e uma vezes, consideramos com indiferença os acontecimentos internacionais, desde que eles não constituam violação dos princípios católicos, que constituem a base de nossa civilização. Ora, no caso da Finlândia, essa violação se fez, profunda, irritante e desabrida, pela agressão do gigante soviético, contra uma pequena república que vivia uma vida tranquila, sob a égide dos princípios que constituem a estrutura fundamental da nossa civilização.

Como seria possível a um católico considerar com indiferença a sovietização desse país, a perseguição religiosa que ali se introduzirá, e finalmente a iminência de correrem os países bálticos idêntico perigo?

* * *

A este propósito, convém fazer uma observação:

Fala-se muito, hoje em dia, a respeito do Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo, e é bom que a doutrina sublime do Apóstolo São Paulo a este respeito, seja difundida o mais possível.

Porém, não basta difundi-la. É preciso compreendê-la. O Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo não é senão a Santa Igreja Católica. As duas noções se confundem. E é porque a Igreja é um corpo, que todos os membros devem sentir veementemente todo o bem e todo o mal feito a outra parte do corpo.

Ora, os católicos finlandeses sofreram, com a agressão soviética, um grande dano. Eles, que tiveram o mérito de se conservar incólumes diante das ofensivas doutrinárias da Rússia durante esses longos anos de vizinhança com o bolchevismo, são agora esmagados pela mais bárbara das ofensivas militares.

Seria conveniente agora perguntar: quantos católicos estão realmente “sentindo” o Corpo Místico de Cristo vibrar de indignação dentro deles? Quantos serão capazes de dizer que sentem o mal feito à Polônia ou à Finlândia, como se fora feito contra os próprios católicos brasileiros?

É um exame de consciência oportuno. E que nos deve conduzir não apenas a uma atitude interna de veemente protesto, mas ainda e sobretudo a uma verdadeira cruzada de orações por nossos irmãos tão dura e injustamente perseguidos.


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