Plinio Corrêa de Oliveira
7 Dias em Revista
Legionário, 11 de setembro de 1938, N. 313 |
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Em conformidade com a praxe protocolar estabelecida de algum tempo a esta parte, e renovada pelo Sr. Dr. J. J. Cardoso de Mello Netto, o Sr. Dr. Ademar de Barros, Interventor Federal neste Estado, acompanhado do Sr. Dr. Álvaro Guião, Secretário da Educação, esteve em visita oficial no Palácio São Luiz, a fim de apresentar seus cumprimentos a S. Exa. Rev.ma o Sr. Dom Duarte Leopoldo e Silva, que se encontrava, nessa ocasião, em companhia de S. Exa. Rev.ma o Sr. Dom José Gaspar de Affonseca e Silva, Bispo Auxiliar de São Paulo. Essa praxe já tradicional, que representa o repúdio ao laicismo hostil e frio inaugurado pela República, deve ser vista com simpatia por todos os católicos e pode concorrer para que se crie ambiente para aquela colaboração entre a Igreja e o Estado, sem a qual o Brasil nunca terá o destino que merece. * * * Muito perdeu o país, e com ele o Estado Novo, em virtude da exoneração que o Sr. Amoroso Lima, Presidente da Ação Católica Brasileira, solicitou às autoridades competentes, do cargo de Reitor da Universidade do Distrito Federal. Tendo aceito esse cargo, com preterição de outros interesses imperiosos, o Sr. Amoroso Lima pôs no exercício das funções de Reitor, a serviço da causa da formação das elites universitárias no Brasil, todo ardor de seu patriotismo e toda a lucidez de sua inteligência privilegiada. Deplorável é que motivos certamente alheios à sua vontade, sempre disposta a todos os sacrifícios, tenham privado o Brasil de sua cooperação talvez insubstituível. * * * A situação religiosa na Alemanha esclareceu-se com a recente pastoral coletiva do Episcopado alemão denunciando energicamente o rigor sempre crescente da tremenda perseguição que os católicos sofrem por parte do nazismo. Essa pastoral se empenhou particularmente em demonstrar que, longe de desejar apenas uma limitação na atividade da Igreja, a política do Sr. Hitler tende a extirpar inteiramente qualquer convicção cristã da alma alemã. Essa gravíssima acusação foi endossada pelo “Osservatore Romano”, que tributou os maiores elogios à atitude dos Bispos alemães. Com isto, fica automaticamente excluída a hipótese suscitada em meios suspeitos de que o Episcopado austríaco diverge do alemão, porque isto seria divergir da Santa Sé. * * * Tristíssima ideia deu de si o Sr. Adolfo Hitler fazendo, no Congresso de Nuremberg, tímidas censuras ao Sr. Rosenberg e ao seu neopaganismo. Se é esta sua opinião, por que dá ao Sr. Rosenberg a posição de líder cultural do nazismo? Tudo leva a crer que as censuras do Sr. Hitler constituem uma mistificação – mais uma – que dirige aos católicos do mundo inteiro. * * * (...) Foram demitidos numerosos professores católicos da Universidade de Viena, por motivos de ordem religiosa. Não se pode, evidentemente, nem com a melhor boa vontade, acreditar nas boas intenções do Sr. Hitler ante tais fatos. Se, realmente, ele estivesse bem-intencionado, não demitiria esses professores, exatamente por suas convicções católicas. Pelo contrário, seria de seu interesse conservá-los, pois, justamente porque católicos, seriam os principais defensores da civilização contra o comunismo. Apesar de tudo isso, no entanto, muita gente ainda crê no Sr. Hitler e na eficiência de sua ação anticomunista. * * * Durante o Congresso de Nuremberg realizou-se uma exposição destinada a ilustrar a luta do nacional-socialismo contra o bolchevismo, e, entre os quadros expostos, um deles apresenta o embaixador do rei da França propondo aliança a Salomão, o Magnífico, e a legenda ainda acrescenta: Quatrocentos anos mais tarde, a França concluiu nova aliança com o bolchevismo mundial. Em outros termos, quem se alia a muçulmanos, tanto quanto quem se alia a comunistas, é inimigo da civilização. Esse quadro deve ter sido exposto com vivo desagrado para o embaixador italiano, pois constitui uma desaprovação voluntária ou não ao Sr. Mussolini que se fez proclamar defensor do Islã. (...) |