Plinio Corrêa de Oliveira

 

7 Dias em Revista

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 11 de julho de 1937, N. 252

 

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Já estava impressa nossa edição de Domingo p.p. quando chegou ao nosso conhecimento uma notícia publicada pela “Ação”, jornal integralista que se edita nesta capital, em que era divulgado um telegrama que nos foi endereçado de Campinas, e que foi assinado por cinco católicos daquela cidade.

Se devêssemos dar satisfação à “Ação” neste assunto, teríamos muitos reparos a fazer à referida notícia. Como tal não se dá, basta-nos afirmar publicamente, para evitar que nosso silêncio seja mal interpretado, que a posição do “Legionário” perante a Hierarquia Eclesiástica é a mais correta possível. Até o dia de hoje, o “Legionário” tem sido confortado em seus trabalhos na defesa dos ideais católicos pela aprovação franca e as bênçãos paternais de S. Exa. Rev.ma o Sr. Arcebispo Metropolitano e S. Exa. Rev.ma o Sr. Bispo Auxiliar. Com a generosa simpatia de quem encarna, na Arquidiocese de São Paulo, a autoridade da Santa Igreja, estamos a coberto de qualquer censura que nos seja feita por jornais alheios aos assuntos internos da Ação Católica.

A deliberação dos signatários do referido telegrama de lhe dar publicidade, constituiu uma falta de compostura religiosa, pois que as divergências eventualmente existentes entre católicos não devem ser transformadas em discussão pública, máxime pelas colunas de um jornal religiosamente neutro.

Quanto ao trecho da notícia que se refere ao “Legionário” como um “semanário que se diz católico”, se envolve uma dúvida à sinceridade de nossas convicções, não merece comentário.

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Não achamos que o discurso proferido em Niterói pelo Sr. Ministro da Justiça tenha sido feliz. O ponto capital que deveria ser esclarecido não foi satisfatoriamente abordado.

Ninguém ignora que, em matéria de repressão policial ao comunismo, não basta a punição a indivíduos com culpa formada e julgamento devidamente feito pelos tribunais. Há inúmeros comunistas incontestavelmente conhecidos como tais pela opinião pública e pela polícia que tem a habilidade de não deixar o menor rastro ou prova material de suas convicções. Não é por outra razão que todos os governos europeus costumam manter sob custódia uns tantos agitadores, ainda mesmo que não tenha sido possível produzir provas escritas em sua culpabilidade. Se Mussolini, por exemplo, não tivesse agido assim, o que seria hoje a Itália? Um monte de ruínas como a Espanha. O Governo austríaco, que é o mais declaradamente católico da Europa, chegou a ter encarcerados, de uma só feita, 15.000 indivíduos suspeitos de comunismo! E ai dele e da Áustria se não agisse assim.

Tanto mais necessário é isto, quanto ninguém ignora que nesses assuntos a prova testemunhal é fragílima, e as testemunhas em geral tem medo de depor.

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Seria erro, e até grave injustiça, supor que as críticas que temos feito ao Sr. Macedo Soares procedem de qualquer hostilidade pessoal que tenhamos para com S. Exa.

A tal ponto é isto verdade, que desejamos salientar no próprio discurso de Niterói um tópico que merece franco aplauso: é o trecho em que S. Exa. se mostra vivamente empenhado na promulgação de uma legislação social capaz de remediar as chagas sociais brasileiras, que constituem um caldo de cultura muito propício à propaganda comunista.

Neste terreno, acompanharemos e aplaudiremos o Sr. Ministro da Justiça com todo o calor.

O que nos interessa não são os homens, mas suas idéias e seus atos.

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O Sr. Governador do Estado, na cerimônia realizada por ocasião da Festa de Santa Isabel, Padroeira da Santa Casa, proferiu um discurso de que a imprensa diária deu uma idéia muito inexata.

Entre outras coisas, disse S. Exa. que não compreende a assistência social sem a caridade, e não compreende a caridade sem a Religião.

Essa verdade oportuníssima pareceu desagradar muitas vezes a pessoas que, sob a administração Armando de Salles Oliveira, tiveram larga influência em matéria de assistência social.

Por essas ou outras razões, a imprensa diária silenciou a este respeito.

Convém registrar, entretanto, essa afirmação. É corajosa, é peremptória e, principalmente, contém uma grande verdade.

Por isto, merece nosso aplauso.

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Infelizmente, não podemos dar o mínimo aplauso ao gesto da Sra. deputada Francisca Rodrigues, que está trabalhando atualmente para a fundação de um “Lar de Moças”, instituição protestante fundada pelo Exército da Salvação para a regeneração de moças transviadas.

Sob o ponto de vista religioso, parece-nos nociva esta iniciativa que, sob o pretexto de reeducar, arrancará a Fé às almas das moças ali asiladas.

Sob um ponto de vista exclusivamente social, ainda seria digna de reparos a iniciativa, pois que já existe o Bom Pastor. Por que fundar outra instituição? Não seria melhor cooperar com a já existente, procurando ampliá-la?

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Curiosíssimo o que se passou na Prefeitura do Rio.

Por ocasião da posse do novo interventor no distrito Federal, Sr. Henrique Dodsworth, alguns amigos do Sr. Pedro Ernesto foram ornamentar com flores o nicho de São Sebastião, que se encontra na Prefeitura e o busto do Sr. Pedro Ernesto.

Ora, o Sr. Pedro Ernesto ainda não foi julgado. Pesa sobre ele a acusação de ter conspirado contra o regime e, o que é mais grave, contra a sociedade e a Religião.

Como explicar que, antes de definitivo julgamento, se reúna na mesma manifestação o santo Mártir e o réu ainda não absolvido?

Sempre o ecletismo de nossa gente!

* * *

Na Alemanha, passou-se há poucos dias um fato magnífico.

Tendo a polícia proibido a realização de uma Procissão de Corpus Christi, em uma pequena cidade da Prússia Oriental, os católicos julgaram não dever obedecer a ordem, provavelmente por não ter sido expedida em forma legal. As autoridades, então, intervieram, procurando arrancar o Santíssimo Sacramento das mãos do Sacerdote.

Um grupo de moços católicos sobreveio, pôs em fuga as autoridades, e promoveu a realização de uma grande manifestação de protesto.

Resultado: alguns Sacerdotes e 7 moços presos.

Não importa. O que convém mostrar, mais do que tudo, é que os católicos não têm medo nem de nazismos, nem de comunismos e nem de outros “ismos”.

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Como nota final, devemos repetir aqui a observação que fizemos nesta seção, na última edição.

Enquanto se desenrola aos olhos da nação o vergonhoso espetáculo do franqueamento de nossos meios de defesa aos comunistas – já se fala até na futura reintegração dos professores da Faculdade do Rio – os parlamentares que, pela natureza de seu mandato e pelo cunho especial que lhes confere sua situação política e suas convicções religiosas, mais deveriam falar, continuam amoitados. Protestos poucos; e quando os há, são em geral menos enérgicos do que a situação exige.

E mais uma vez perguntamos: por que observam eles essa conduta tanto na tribuna parlamentar quanto na imprensa?


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