Plinio Corrêa de Oliveira

 

7 Dias em Revista

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

O Legionário, 13 de dezembro de 1936, N. 222

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O ambiente político está infetado de mil boatos contraditórios. Há quem diga que os “pingos” já estão arreados, em demanda do obelisco, como em 1930. Tudo isto, no final das contas, não é política. É politicagem, e da pior.

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Parece dirigida ao Brasil esta advertência que se encontra no recente discurso do Santo Padre aos refugiados espanhóis:

As manobras comunistas têm por escopo seduzir as massas, fazê-las fermentar e, em seguida, armá-las e lançá-las contra toda instituição humana e divina. O que, por uma necessidade fatal, não deixará de chegar, e nas condições e proporções bem piores, se por falsos cálculos e por falsos interesses, rivalidades ruinosas, pelo processo egoísta de vantagens particulares, todos aqueles a quem incumbe o dever de manter a ordem não recorrem aos meios de defesa talvez por demais retardados”.

Atentem para ela os estadistas brasileiros.

A História os julgará segundo a fidelidade que tiverem obedecido a este conselho. Porque à observância deste conselho está ligada a salvaguarda da civilização católica no Brasil.

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Até agora, a Conferência Pan-Americana de Buenos Aires ainda não cogitou da situação dos católicos mexicanos.

Nenhuma situação, porém, seria mais oportuna do que esta para que as nações ibero-americanas, todas elas nascidas sob a influência espiritual da Igreja, se esforçassem por libertar os mártires que sofrem o jugo opressivo e cruel de Cardeñas.

Reflitam nisto os católicos que têm alguma parcela de influência política. E vejam se não estão na grave obrigação de providenciar a este respeito.

Uma palavra, uma simples palavra que procedesse da Conferência Pan-Americana, a respeito do conflito espanhol, teria a maior repercussão.

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Absorvida pela sua crise interna, a facção monárquica e conservadora da Inglaterra está paralisada. Estão paralisadas, ou ao menos com a atividade relativamente tolhida, a Alemanha e a Itália. A prova disto está na lentidão com que se processa a tomada de Madri. E, enquanto isto, a Rússia e a França intervêm à vontade na política espanhola.

Caberia à América manifestar o desejo de que a neutralidade pleiteada pela França não fosse simplesmente uma farsa.

E, no entanto, tudo indica que a América não pronunciará esta palavra salvadora.

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Lamentamos a exoneração do Sr. General João Ribeiro. Pouco conhecemos de sua vida. Apenas acompanhamos com atenção sua atividade na pasta da Guerra.

Sua energia inflexível, seu indefectível amor à disciplina, seu espírito militar altivo e sua coragem comprovada causaram em nós a maior simpatia.

Mas sua demissão teve de vir. Resta-nos esperar que o Sr. General Dutra esteja à altura de seu antecessor.

A “Nota militar” do “Diário de São Paulo”, numa rápida resenha de nossa História militar na República, mostrou os inconvenientes técnicos, para a defesa nacional, dessa constante sucessão de ministros e Chefes de Estado Maior.

Mas parece que, com coisas como estas, pouca gente se importa...

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No dia da Imaculada Conceição, as igrejas presbiterianas do Brasil, Presbiteriana Independente do Brasil, Metodista do Brasil, Episcopal brasileira, Christian do Brasil e Congregacional do Brasil, inauguraram um congresso interconfessional, que tratou de numerosos temas.

Neste fato, há duas circunstâncias dignas de menção.

A primeira é o empenho dos protestantes de dar à sua propaganda um cunho de brasilidade. Todas as igrejas que se fizeram representar no Congresso anexaram ao seu título a indevida alcunha de “brasileira”. No entanto, quereríamos saber que fim levariam ditas igrejas, se fosse suspensa a subvenção em dólares que alimenta sua propaganda.

A segunda circunstância é a frente única de todas as confissões protestantes contra o Catolicismo.

Que esta frente única sirva para estimular todos os católicos e, por sua vez, estabelecerem entre si uma união cada vez mais estreita para fazer face às ditas igrejas e a todos os inimigos da Igreja.

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Em Piumhy (Minas), deu-se um fato realmente singular.

O Vigário fez crítica à administração municipal. E o delegado achou-se no direito de proibir que o Sacerdote exercesse as atividades próprias à sua situação de Pároco. O caso depende, agora, de decisão judiciária.

Muitos sorrirão à vista dessa notícia. É simplesmente ridículo que um delegadozinho de Piumhy se julgue no direito de proibir a um Sacerdote que exerça seu Ministério, pelo simples fato de ter discordado de certas medidas tomadas pelo poder temporal. E não é menos ridículo que o “Legionário” se ocupe com isto.

Assim seria, realmente, se o caso não nos permitisse uma consideração muito oportuna: Hitler não estará fazendo coisa muito parecida com o gesto do delegado de Piumhy?


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