Plinio Corrêa de Oliveira

 

7 Dias em Revista

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

“O Legionário”, N.º 219, 22 de novembro de 1936

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Nossa imprensa está sendo objeto de uma infiltração espírita em regra. Sobre o “Correio Paulistano”, nem é bom falar. Os “Diários Associados”, particularmente o “Diário da Noite”, dedicam às aparições e aos médiuns colunas inteiras. “A Gazeta” se presta complacentemente a publicar notícias sobre médiuns, sessões espíritas, fantasmas, etc.

E é a esta imprensa que se convencionou chamar imprensa neutra.

Há gente bastante ingênua para dizer que, como nossa imprensa é neutra, não vale a pena fazer uma imprensa católica: isto provocaria o aparecimento de uma imprensa anticatólica.

Como se não fossem anticatólicos estes jornais que abrem suas colunas a qualquer doutrina, indiferentes entre o erro e a verdade, sensíveis somente aos encantos de Mamon.

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Um telegrama do Rio anuncia que nossas autoridades policiais, “não desejando levar à força, perante o Tribunal de Segurança, os revoltosos de Novembro, procurarão obter deles, para efeito legal, uma declaração escrita de que se recusam a comparecer”.

Não acreditamos, de modo nenhum, nessa notícia evidentemente tendenciosa.

Trata-se, indubitavelmente, de um boato destinado a atirar sobre nossa Polícia o descaso do público.

Uma polícia que permitisse tais caprichos a seus prisioneiros, réus de crime contra o Estado, seria uma polícia inepta e ridícula.

Em nome do brio de nossa Polícia, registramos aqui nosso protesto.

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Realizar-se-á de 9 a 13 de dezembro, nesta Capital, um “Congresso Católico Livre”, que fará propaganda de uma “Santa Igreja Católica e Apostólica”.

Que os incautos se precavenham: é um congresso protestante que, ardilosamente, se diz “católico”, de sorte a atrair o povo bem intencionado mas imprevidente

A Santa Igreja Católica, Apostólica e Romana, da qual nos orgulhamos de ser filhos, não pode ser confundida com uma grosseira contrafacção, como a que ora se tenta fazer.

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O “Estado de São Paulo” noticiou que a “Loja de São Paulo da Sociedade Teosófica” realizou uma reunião infantil “de arte e cultura”, da qual constaram números de piano, canto e declamação das alunas de duas professoras do Conservatório Dramático e Musical desta Cidade.

Não se compreende que as professoras de um estabelecimento subvencionado pelo Estado, como é o Conservatório, façam, entre suas alunas, uma propaganda franca do teosofismo, que é uma variante do espiritismo, cujo efeito deletério é tão forte nos adultos e principalmente nas crianças.

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Nesta época de desorientação em que vivemos, há gente para tudo.

Um deputado gaúcho pediu, na Câmara de seu Estado, uma verba especial de dez mil contos, para a abertura de um Cassino!

A população gaúcha passa agora por um transe doloroso, qual o das inundações cujas vítimas necessitaram até de dinheiro de outros Estados. E o deputado gaúcho ainda pensa que, nas arcas do tesouro rio-grandense, sobra dinheiro para a montagem de casas de jogo!

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Registramos com vivo elogio a atitude do “leader” peceísta na Câmara Estadual e da Bancada perrepista, no “caso” provocado pelo Sr. Vergal, a propósito da entrega do socorro às vítimas gaúchas, ao Ex.mo Sr. arcebispo do Rio Grande do Sul.

Quanto ao Sr. Vergal, nada nos espanta em S. Ex.a.

E quanto ao Sr. Alfredo Ellis, que está constantemente a relembrar um compromisso que teria assumido com a chapa protestante “Liberdade e Justiça”, consta-nos que S. Ex.a assumiu idêntico compromisso com a Liga Eleitoral Católica.

Vamos sindicar bem o que possa haver de verdadeiro nisto. E, se tal compromisso com a Liga Eleitoral Católica existir, daremos a nossos leitores detalhadas informações sobre o assunto.

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Em um discurso feito por ocasião da inauguração da Escola Superior de Educação, o Ministro da Educação da Alemanha disse que o “3º Reich é o primeiro Estado que vive de acordo com a própria concepção do mundo. Outrora, a formação da alma popular era confiada sobretudo às igrejas, mas a concepção nacional-socialista chamou a si, cuidando da educação intelectual e moral da juventude alemã. O nacional-socialismo está disposto a cumprir a missão que antigamente era confiada a estrangeiro por um Estado desprovido de filosofia. As escolas alemãs têm uma missão importante a cumprir e assumem uma responsabilidade absoluta e nova”.

Na Rússia comunista, o Estado suprimiu o direito dos pais e da Igreja de educar a infância e a juventude.

A Alemanha hitlerista acaba de fazer o mesmo, negando à Igreja o direito de educar seus fiéis, e negando aos pais o direito de entregarem seus filhos à Igreja. Assim, o hitlerismo, aparentemente tão anticomunista, dá um gravíssimo passo para a esquerda.    

E é ainda o hitlerismo que, farisaicamente, acusa a Igreja de não hostilizar o comunismo!

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Convém notar a este propósito que seria um erro atribuir-se ao grande e nobre povo alemão os desvarios de seus dirigentes.

A Alemanha não é responsável pelos desatinos do hitlerismo, como a França não é responsável pelas torpezas do Sr. Blum, a Espanha pela miséria moral do Sr. Azaña, ou o Brasil pela sanha sanguinária de Luiz Carlos Prestes.

Pelo contrário, a Alemanha produziu, em dias de hoje, um dos homens mais notáveis que o Século XX conheça. Atualmente, não tem sido ainda colocado, no conceito público, na altura que merece. Mas a História, futuramente, o colocará na galeria encabeçada por Pio XI, entre os grandes defensores da civilização: é o cardeal Faulhaber, cuja intrépida resistência ao “Fuehrer” ainda era, há poucos dias, objeto de comentários de nossa imprensa.


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