Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

À Margem dos Fatos

 

 

 

 

 

Legionário, N.º 189, 19-1-1936

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Na carta do Sr. Luiz Carlos Prestes, lemos o seguinte tópico: “De todas as minhas cismas sempre concluí: no Brasil só se pode fazer a revolução comunista por meio dos intelectuais que nos ajudariam a formar uma geração intelectual futura comunista. Logo, são as classes ricas o alvo predileto da propaganda comunista”.

A julgar por este tópico, o proselitismo comunista não explora a miséria de operários famintos, mas a sandice de intelectuais “blasés”.

O terreno próprio para a semeadura da má semente não é pois o estômago vazio dos indigentes, mas o cérebro vazio de alguns burgueses.

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Mas em outro tópico o chefe comunista pergunta: “Como fazer uma revolução comunista num país tão vasto e em condições geofísicas e sociais absolutamente contrárias à ideologia superior? Um país sem inverno, onde a palavra pão tem uma pálida significação revolucionária só nas grandes cidades e em alguns pontos do litoral, onde a palavra terra é até um escárnio pela imensa vastidão dela, e onde liberdade não tem sentido fora das fábricas e de uma companhia Matte Laranjeira, exceções aberrantes no imbecil cenário brasileiro”.

Se o comunismo não vinga nas camadas populares, graças à largueza em que vivem, por que vinga ela nas classes apatacadas, onde a largueza da vida é ainda maior?

Incoerências do Sr. Prestes... que, aliás, a ninguém podem espantar.

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O Sr. Prestes não quis confessar a verdadeira causa do seu insucesso. Mas sua correspondência no-lo revela.

É que o Sr. Prestes sentiu perfeitamente que o brasileiro é profundamente católico, e que só por uma descarada mistificação poderia cerrar fileiras em torno do comunismo. No momento em que o antagonismo irredutível entre Cristo e Marx lhe fosse patenteado, optaria pelo primeiro.

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Por isto é que o Sr. Prestes evitava de declarar suas convicções religiosas, e muitos dos mortos em Natal, em Recife e no Rio, traziam no bolso terços e medalhas.

Por isto, ainda, é que o comandante Sisson escreveu este cínico conselho:

“Lembro uma ação, não tanto de palavras, mas de exemplo de tolerância religiosa, em nosso meio, para destruir a lenda de que somos contra a religião.

Procurem alguns líderes católicos e que eles pratiquem a sua religião; que eles tomem a palavra em celebrações religiosas e que aí demonstrem que eles, bons católicos, são aliancistas convictos, patriotas e nacionalistas libertados”.

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Neste sentido também é significativa a seguinte notícia sobre o cofre-arquivo de Luiz Carlos Prestes estampada pelos jornais:

“Examinado o cofre, descobriu-se que no seu fundo havia novos esconderijos, onde se guardava volumosa correspondência - o arquivo de Luiz Carlos Prestes:

Muitas cartas ali estavam escondidas, todas revelando o desenvolvimento dos acontecimentos extremistas nesta capital e nos Estados. Entre outras, segundo informa a polícia, endereçadas a Prestes, há várias inquirindo-o acerca dos objetivos da ação dos enviados de Moscou nesta capital, em colaboração com a Aliança Nacional Libertadora. Há, também, perguntas sobre como o comunismo encararia os problemas de religião e da família”.

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A propaganda comunista tem obtido, no seio da classe médica, resultados verdadeiramente surpreendentes.

Verificou-se que os médicos sofrem grande atração pelo extremismo, a ponto de constituírem 25 por cento dos quadros do Partido Comunista.

Provavelmente, uma das causas dessa perniciosa tendência é conhecerem os médicos muito bem o corpo humano, mas desconhecerem, evidentemente, as necessidades do corpo social.

Além disso, apurou-se que esses médicos eram recém-formados e que não tinham conseguido firmar-se no exercício da medicina.

Portanto, seria de grande vantagem que o governo apertasse os exames, e só permitisse no curso médico aqueles que tivessem, de fato, todas as probabilidades de se firmarem no exercício da nobre profissão.

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Em torno do nome do general Manuel Rabello, circularam, ultimamente, várias notícias desencontradas e suspeitas.

Agora, cessado o movimento extremista, o presidente da República concedeu a sua exoneração do cargo de comandante da 7ª Região Militar. Como nada, até então, ficara bem esclarecido quanto às suas atividades no norte do País, é bem possível que a sua exoneração se prenda aos últimos acontecimentos extremistas que nos agitaram durante os dois últimos meses do ano passado.

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Foi resolvida a organização de uma comissão de propaganda e assistência ao proletariado brasileiro contra o comunismo.

Essa comissão, patrocinada pelo Sr. Presidente da República, tem por objetivo mostrar, aos nossos operários, que todos os seus problemas podem ser resolvidos, satisfatoriamente, dentro do atual regime.

 É bem de ver, entretanto, que o êxito dessa comissão será tanto maior quanto mais nítida for a sua orientação cristã. Somente a doutrina de Cristo poderá trazer aos operários a paz e a resignação de que necessitam, para dar cumprimento à sua espinhosa missão social. Somente em Cristo encontraremos a justa compreensão de todas as coisas.

Aliás, justiça seja feita, o Sr. Getúlio Vargas demonstrou, em seu discurso de ano novo, conhecer, perfeitamente, o sentido cristão da vida brasileira.

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O divórcio nos Estados Unidos continua a fazer vítimas.

Um telegrama de Hollywood informa que o divórcio do casal Douglas Fairbanks e Mary Pickford, tornar-se-á definitivo a 10 de Fevereiro próximo.

Depois, enquanto Douglas Fairbanks vai a Londres casar-se com Lady Ashley, Mary Pickford se casará com Buddy Rojas, outro ator cinematográfico e chefe de orquestra.

Pode-se ver, pela notícia acima, a série de erros que esse divórcio acarretou: destruiu um lar, permitiu a realização de dois casamentos ilícitos e desviou quatro pessoas do verdadeiro caminho da vida.

O noticiário dos jornais americanos estão sempre cheios de casos como esse. E o mesmo acontece em grandes países da Europa que se dizem super-civilizados. Mas, civilizados somos nós, brasileiros, que não consagramos em nossa Constituição a bárbara lei do divórcio.


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