Notícias provenientes dos Estados Unidos informam que
continua naquele país o Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal Dom
Carlos Carmelo de Vasconcelos Motta, Arcebispo Metropolitano. Naquela república irmã, o
eminente Purpurado tem sido obsequiado pelas altas autoridades eclesiásticas, e
especialmente pelo Emmo. Rev.mo. Senhor Cardeal Francis Spelmann, Arcebispo de New York. Outrossim, o Antístite Paulopolitano teve oportunidade de se avistar com altas
autoridades civis, não só dos Estados Unidos, mas também da ONU, que atualmente
se encontra reunida em Lake Success.
O Eminentíssimo e
Reverendíssimo Senhor Cardeal Dom Carlos Carmelo, na
qualidade de Grande Chanceler da Universidade Católica e Pontifícia de São
Paulo consagrou boa parte de seu tempo na visita de estabelecimentos
universitários norte-americanos. Assim, o eminente Purpurado esteve na Universidade
de Notre Dame, onde
visitou as salas de aula, laboratórios e outras dependências na quinta-feira p.
p.
Está anunciado que Sua
Eminência Reverendíssima estará de regresso a esta cidade na segunda quinzena
do corrente mês.
* * *
O eminente Sacerdote da
Companhia de Jesus, o Pe. Arlindo Vieira, se tem
destacado em nossos meios intelectuais e religiosos como educador, orador e
jornalista brilhante. Dispondo, ainda moço, de um renome nacional, ser-lhe-ia
fácil deixar correr amenamente a vida - como fazem tantos intelectuais -
dedicando-se ao brando mister de sustentar causas fáceis, pontos de vista
geralmente admitidos, teses incontroversas. Mas, verdadeiro Sacerdote de Deus,
filho genuíno de Ignácio de Loyola,
a têmpera de seu caráter e o ardor de seu zelo não lhe permitiriam viver nesta
deleitável e luzente mediocridade. O papel do Sacerdote não consiste em
assistir de palanque ao embate tremendo que se trava hoje em dia, entre Cristo
e o Anticristo. Seria, nesta hora de desenlace da
História, qualquer coisa de tão vergonhoso como dormir no Horto das Oliveiras,
enquanto o Mestre sofria os tormentos indizíveis de sua agonia, e se dispunha
para a última e suprema imolação. O Pe. Arlindo
Vieira atirou-se ao campo de batalha em várias campanhas memoráveis, lutando
ora em benefício do ensino, ora da ortodoxia não com frases vagas e a propósito
de temas genéricos ou imprecisos, mas focalizando sempre fatos, idéias,
problemas de palpitante atualidade. É ele
um lutador, que não cessa de defender na imprensa, no púlpito, na
cátedra, a causa de Cristo e de sua Igreja, não contra inócuos fantasmas feitos
de nuvens, mas contra inimigos concretos, palpáveis, poderosos e articulados;
não com tiros de festim, mas com os golpes rijos de uma argumentação cerrada e
corajosa. Não lhe poderiam faltar, pois, inimigos e detratores. Houve tempo em
que se dizia, como indício de que uma pessoa era boa, que "não tinha
inimigos". Hoje, é o contrário que se deve dizer: quase sempre, o homem
sem inimigos é o homem sem idéias nem
caráter. O Pe. Arlindo Vieira se encontra, assim, em
plena batalha ideológica. Não fosse ele um jesuíta digno deste glorioso nome.
* * *
Não espanta, pois, que suas
idéias sejam discutidas. Nossos leitores sabem que, se não sempre, quase sempre
elas são as nossas. Os princípios pelos quais esta folha e o Pe. Arlindo Vieira se tem batido são por demais verdadeiros,
nobres, transcendentais, para que não sejam repudiados e odiados por muita
gente. Não é da luta, que se queixará um verdadeiro batalhador. A luta lhe faz
honra. E, no caso, até os inimigos que suscitamos muitas vezes nos dão honra
tanto quanto nossos amigos. Pois que é uma honra acender a iracúndia dos que,
consciente ou inconscientemente, combatem e perseguem os interesses da Igreja.
Causa, porém, lástima que
este combate se desvie de sua verdadeira natureza ideológica, para assumir o
caráter de campanha pessoal. É o que fez um jornalista que publicou num grande
matutino desta cidade um artigo visando apresentar o Pe. Arlindo
Vieira... como um "inimigo de Deus".
* * *
Por dois motivos, o artigo
causou surpresa. Um, pelo próprio enunciado da tese: um Jesuíta ilustre, que
age no espírito e segundo as normas tradicionais da gloriosa Companhia de
Jesus, ser chamado "inimigo de Deus", é de pasmar. Outro, porque
ninguém esperava ver o autor daquele artigo sair a público no papel novo de
"amigo de Deus", mais informado e zeloso da glória do Criador do que
um intelectual que fez longos e profundos estudos das ciências sagradas, que a
Igreja julgou digno da unção sacerdotal e em que todo o Brasil reconhece e
respeita as virtudes próprias de seu alto estado.
A este sentimento de surpresa
somou-se outro, de pesar. Até aqui nossa imprensa, mesmo nas polêmicas mais
acirradas, poupou sempre os Sacerdotes, ou por respeito à sua vocação ou pelo
menos em atenção à nossa opinião pública, profundamente católica à qual chocam
sempre os insultos dirigidos aos Ministros do Senhor. Violada esta tradição,
evidentemente produziu-se com isto em nosso público um sentimento de pesar
muito compreensível.
Por tudo isto, interpretando
o pensamento de nossos leitores e assinantes, aqui deixamos consignada ao
ilustre e benemérito Pe. Arlindo Vieira toda a nossa
simpatia e admiração.
* * *
Reuniu-se há pouco em Paris um "Congresso Espiritual Internacional" a que
compareceram filósofos, e teólogos de 46 países representando as mais diversas
e singulares religiões: adoradores do Sol, alquimistas, maometanos, rosacrucianos, protestantes, cismáticos, etc..
O objetivo deste congresso
era realizar um "estudo de caráter universal, abrangendo todos os aspectos
da vida econômica". O presidente do conclave foi um "bispo"
inglês. As delegações foram numerosas: só os Estados Unidos enviaram dois mil e
duzentos delegados de várias seitas. Ghandi enviou uma representante européia.
Para que espécie de unidade
tende toda esta gente? Para a unidade católica? Evidentemente, não. Trata-se
entre eles de realizar uma fusão de todos os cultos em uma religião vaga e
universal, de fundo provavelmente panteísta. É uma grande interpenetração de
cultos, para formar um grande todo, do qual nada ficará de fora... senão,
evidentemente, a Igreja que não pode transigir no menor ponto de sua doutrina.
Realizado este intento, teremos duas potências religiosas face a face, a Igreja
de Cristo e a anti-Igreja, que será a do Anticristo. Mas Deus é grande e não chegaremos tão longe.
Antes disto, esperamos, a Providência porá sua Mão no assunto, destruindo as
maquinações urdidas contra o Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo.