Legionário, N.º 791, 5 de outubro de 1947

7 Dias em Revista

A respeito das conversações recentemente havidas entre o Sr. Myron Taylor, representante pessoal do Sr. Truman, e o Santo Padre Pio XII, a Secretaria da Presidência da República dos Estados Unidos distribuiu o seguinte comunicado:

“O Presidente manteve hoje conferência com o Sr. Myron Taylor, seu representante pessoal junto ao Papa. O Sr. Taylor informou ao presidente que, quando se encontrava na Europa, além de se entrevistar com o Sumo Pontífice, conferenciou com o Arcebispo de Cantuária e o Dr. Oto Debelius, o Bispo luterano de Berlim, sobre o tema da cooperação e estabelecimento da paz permanente no mundo.

Taylor prosseguirá em suas entrevistas periódicas, com a esperança de conseguir a influência e o apoio de todos os líderes religiosos do mundo em um esforço para concretizar a paz”.

Estas palavras magoarão, por certo, o coração paternal do Sumo Pontífice. Com efeito, elas equiparam implicitamente (?) o Vigário de Nosso Senhor Jesus Cristo na Terra com chefes de igrejolas heréticas, como o "bispo" luterano de Berlim, e o "Arcebispo" anglicano de Cantuária. Esta atitude eqüivale mais ou menos à dos romanos, quando sugeriram a incorporação de um altar a Jesus Cristo no Pantheon pagão. O Papa na galeria dos chefes de seitas, ou Jesus Cristo entre os ídolos, que diferença há?

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Isto é tanto mais doloroso e surpreendente quando, nesta semana mesmo, o "arcebispo" anglicano de York pronunciou um discurso em Malton no qual criticou acerbamente a Igreja Católica porque está lutando contra o comunismo com excessivo vigor, e favorecendo a divisão do mundo em dois blocos, um comunista e outro anticomunista. O que, em outros termos, significa que a Igreja Católica está sendo atacada pelos anglicanos porque Ela se coloca decididamente contra os piores adversários dos EE.UU. Enquanto isto se dá, os EE.UU. tomam uma atitude desairosa para com o Papado, para não contrariar excessivamente os anglicanos.

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Os Srs. Ferenc Nagy, Vladomatchek Grigoren Zuseste, Milian Gravilovitch e George Dimitrov, respectivamente líderes das oposições da Hungria, Croácia, Rumânia, Sérvia e Bulgária dirigiram-se a ONU solicitando uma intervenção em favor de seus respectivos partidos absolutamente proibidos de funcionar pelos comunistas.

Enquanto isto se dá, notoriamente os comunistas não vacilam em censurar que se tenha fechado o PCB. A contradição é flagrante, e põe a nu a insinceridade dos sentimentos democráticos ostentados no Brasil pelos comunistas.

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Prossegue o movimento muçulmano na África Setentrional. Vários líderes políticos do Marrocos Francês acabam de pedir à ONU a extinção do poderio francês naquela zona, aspiração que do ponto de vista temporal é defensável, mas que acarretará do ponto de vista espiritual um movimento de xenofobismo anticatólico, talvez irresistível.

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Por engano da revisão, publicamos em nossa última edição no lugar do artigo de fundo intitulado "Vítima Expiatória", da autoria de nosso diretor, Dr. Plinio Corrêa de Oliveira, o nome de nosso prezado e ilustre colaborador, Exmo. e  Revmo. Mons. Ascânio Brandão.

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Comentando o atual congresso do Partido Conservador, o "Times" faz uma singular advertência aos congressistas, quando sugere que o Partido Conservador aceite o programa socialista fornecendo contudo homens de estado mais capazes para sua execução. Em outros termos, isto eqüivale a sugerir que os anti-socialistas se façam socialistas, o que é um conselho surpreendentemente contraditório e desleal.