Plinio Corrêa de Oliveira

 

7 Dias em Revista

 

 

 

 

 

Legionário, 27 de julho de 1947, N. 781

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Temos a assinalar o início da guerra entre a Holanda e a Indonésia. Um fato singular, que pode mudar o aspecto dessa luta armada, foi o manifesto do "grande mufti" de Jerusalém conclamando todos os povos árabes e muçulmanos a se manifestarem a favor da Indonésia.

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Não se trata de uma simples proclamação sem maiores efeitos práticos. Acrescentou o líder do movimento pan-árabe que "é dever sagrado dos povos muçulmanos auxiliar a nação indonésia que luta por sua independência".

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Vê-se, por aí, o aspecto religioso de que se pode revestir este conflito. É a ameaça muçulmana que cada vez mais se acentua em relação ao ocidente cristão.

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Por outro lado, a Rússia soviética prepara uma ofensiva política em grande escala contra a América do Norte e o "Plano Marshall", ofensiva a ser desencadeada através dos governos títeres dos países sob o domínio moscovita no leste europeu.

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Não concorreu, certamente, para diminuir a confusão existente no front político internacional a declaração do Sr. Salazar ao "Times" de Londres no sentido de que a solução da questão alemã sem participação da Rússia poderá causar, posteriormente, uma guerra.

E se a Rússia participar desses trabalhos, puxando para si, como sempre, a parte do leão, poderia o chefe do governo português externar o mesmo "ponto de vista científico e objetivo" no sentido de negar a possibilidade de uma guerra futura?

Esta ameaça de guerra, para quem objetivamente encara o surto imperialista soviético, somente será afastada se for concedido por vias pacíficas e muniquianas a Moscou o que de outro modo os comunistas procurarão obter por processos violentos, quer sejam golpes de mão internos, quer sejam conflitos armados internacionais.

A história do mundo mostra como é difícil afastar o perigo de uma guerra, quando se acha em jogo a malícia do homem. Não bastam os propósitos pacíficos de um lado, diante da má fé e perfídia de propósitos do outro.

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Mesmo do próprio ponto de vista espiritual esta harmonia é dificílima. O espirito do mundo estará sempre contra o espírito de Jesus Cristo. E, no fundo, a história do mundo vem a ser o relato dessa antiga luta entre o bem e o mal.

Quando, porém, de ambos os lados há repúdio das leis de Deus e dos princípios de justiça, cresce o horror desses conflitos em que os homens se entredevoram.

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Não tenhamos ilusões, porém. Um mundo reconduzido a Cristo e à Sua Igreja teria sempre que estar preparado para repelir as investidas dos aliados dos anjos das trevas, que habitarão entre nós até os confins dos séculos.

E será sempre necessária a separação dos campos. O bem nunca se sentirá em boa companhia ao lado do mal introduzido na terra pela queda dos nossos primeiros pais.


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