Legionário, n.° 777,  29 de junho de 1947

7 DIAS EM REVISTA

Na sexta-feira pp. transcorreu silenciosamente uma data que não pode passar sem registro. No dia 27-6-1897, na Igreja de São Gonçalo, o Pe. Augusto Estanislao Aureli, S. J., fundou a primeira Congregação Mariana deste Estado. O primeiro Congregado a ser recebido foi o ilustre e saudoso Dom Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcante, o então Arcebispo eleito do Rio de Janeiro. Logo depois de admitido, o egrégio Prelado conferiu a fita de Congregado a um valoroso pugilo de jovens, que vieram a ser os primeiros Congregados de São Paulo.

Entre estes, foi chamado, ulteriormente, a desempenhar um grande papel na vida eclesiástica do Brasil, Dom Gastão Liberal Pinto. Precedeu-o na vocação sacerdotal outro Congregado, de origem síria, que se ordenou no rito oriental, e foi exercer o sagrado Ministério no Líbano, o Pe. Fayá. Dos sobreviventes destacam-se o Dr. Joaquim Barbosa de Almeida, figura da maior projeção nos círculos jurídicos e forenses, os Srs. José Ramos de Oliveira, o Sr. Luiz Ferreira Júnior, e o Sr. José Benevides Figueira. Queremos, ainda, mencionar de modo todo particular, entre os fundadores da Congregação, uma das figuras mais completas de apostolo leigo que o Brasil se pode gabar de ter produzido até hoje, o Dr. Bruno Figueira de Aguiar.

Como se vê, data de tamanha significação não podia deixar de ser consignada com especial emoção nestas notas.

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Infelizmente, a orientação política dos Estados Unidos continua a contrastar de modo impressionante com a da Rússia. Do lado dos primeiros, a ingenuidade generosa e superficial de bons meninões que vivem na fartura. Do lado desta, as atitudes ora insolentes, ora dissimuladas, sempre mal intencionadas do apache.

Assim, o caso húngaro e o caso búlgaro parecem ter passado em julgado. Nenhuma reação séria se produziu. As greves, de fundo manifestamente comunista, ameaçam reproduzir-se na França. Na Itália, a agitação que se observa também deixa transparecer a ação dos comunistas. Nos próprios EE. UU. não se pode negar que o dedo de Moscou não é estranho ao recrudescimento de greves que agora se observa. Em suma, Moscou faz, contra tudo e contra todos, o que lhe apraz.

Pelo contrário, os Estados Unidos estão parados. Hei-los que ingressam agora na arena política de cornucópia em punho, visando aquietar as feras com a abundância de seus frutos. Outra coisa não é o projeto Marshall de auxílio à Europa. E, em compensação, o que se vê? Ingratidão.

O plano Marshall seria muito sagaz se tivesse em vista auxiliar apenas as nações comunistas(?). Auxiliar a URSS é certamente muito nobre, se se pensa nos milhares de inocentes que ali padecem fome. Mas os Estados Unidos estariam no caso de impor condições a este auxílio, exigindo da URSS que abrisse as garras com que se jogou sobre a Europa Central. Com isto, beneficiariam a nação húngara.

Talvez tenha sido primitivamente esta a intenção dos americanos. O certo é que os gabinetes de Londres e Paris colocaram Washington diante de uma espécie de fato consumado, associando incondicionalmente a URSS às negociações. A Rússia se senta agora à mesa redonda, uma mesa cheia de frutos substanciosos. Não sabemos. Uma coisa é certa: a distribuição de víveres não favorecerá a influência política e estratégica altamente benéfica, que os EE. UU. poderiam exercer na Europa.

Foi com esta ingratidão que o gabinete trabalhista de Londres e seu sósia de Paris agradeceram os benefícios americanos.

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Em toda a Europa, durante isto, os Partidos Comunistas desencadeavam uma companha contra o projeto Marshall. Eles, os grandes partidários do povo, os grandes advogados das massas, se indignaram quando uma providência benévola dos americanos tendeu a socorrer as mesmas massas. É deste estofo moral o comunismo.

Curioso é que um comunicado da União Soviética, visando amesquinhar de certo modo o alcance afetivo do projeto Marshall, insinuava que ele não significa sacrifício algum para os EE. UU. que dispõem de riquezas "incomensuráveis" para as distribuir ao mundo.

Seria o caso de perguntar por que a URSS, que vive em regime maravilhoso, também não dispõe de riquezas igualmente incomensuráveis? A URSS e os EE. UU. se prestam bem a uma paralelo. Ambos são países naturalmente riquíssimos. No domínio da economia pública, temos um que está precisando de auxílio. No domínio da economia privada, temos outro que superabunda de riquezas. E os sovietes proclamando esta última verdade, nem sequer percebem que fazem a apologia do próprio sistema que criticam!

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As notas que consagramos à queda da monarquia na Itália se confirmam cada vez mais. O regime republicano é tão frágil que estando agora doente o Sr. Nicola, presidente da República, a Constituinte impôs ao pobre homem que ficasse no cargo, porque a escolha de um chefe de Estado acarretaria agora a guerra civil. Em outros termos, aboliu-se uma instituição sólida e centenária como a monarquia, para instituir outra em que o chefe do governo é temporário. E o país tão mal se adapta à forma nova que não pode substituir este chefe temporário sem imergir no caos.

É o que se pode chamar tipicamente uma reforma constitucional errada.

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Uma observação a respeito da França. Um deputado da Coligação das Esquerdas, elemento pois muito insuspeito de "reacionarismos", o Sr. Maurice Violette, insurgiu-se recentemente no Parlamento Francês contra a atuação dos grandes sindicatos, que dispõem de todo um equipamento militar próprio, e organizaram verdadeiras polícias políticas para seu uso exclusivo. O Sr. Violette chamou isto muito adequadamente de "soberanias particulares", produzindo-se como quistos dentro do Estado.

Mas estes quistos não alarmam em geral os Srs. esquerdistas. Para eles só há uma categoria de gente perigosa: os proprietários.

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Chamamos a atenção de nossos leitores para o protesto do Vaticano contra o atentado bárbaro, de origem comunista, praticado contra o Bispo de Trieste. Muito instrutivo o fato, para os que julguem possível uma conciliação entre catolicismo e comunismo.