Na sexta-feira pp. transcorreu silenciosamente uma
data que não pode passar sem registro. No dia 27-6-1897, na Igreja de São Gonçalo, o Pe. Augusto Estanislao
Aureli, S. J., fundou a primeira Congregação Mariana
deste Estado. O primeiro Congregado a ser recebido foi o ilustre e saudoso Dom
Joaquim Arcoverde de Albuquerque Cavalcante, o então Arcebispo
eleito do Rio de Janeiro. Logo depois de admitido, o egrégio Prelado conferiu a
fita de Congregado a um valoroso pugilo de jovens, que vieram a ser os
primeiros Congregados de São Paulo.
Entre estes, foi chamado, ulteriormente, a
desempenhar um grande papel na vida eclesiástica do Brasil, Dom Gastão Liberal Pinto. Precedeu-o na vocação sacerdotal outro Congregado, de
origem síria, que se ordenou no rito oriental, e foi exercer o sagrado Ministério
no Líbano, o Pe. Fayá. Dos sobreviventes destacam-se o Dr. Joaquim Barbosa de
Almeida, figura da maior projeção nos círculos jurídicos e
forenses, os Srs. José Ramos de Oliveira, o Sr. Luiz Ferreira Júnior, e o Sr. José Benevides
Figueira. Queremos, ainda, mencionar de modo todo particular,
entre os fundadores da Congregação, uma das figuras mais completas de apostolo
leigo que o Brasil se pode gabar de ter produzido até hoje, o Dr. Bruno
Figueira de Aguiar.
Como se vê, data de tamanha significação não podia
deixar de ser consignada com especial emoção nestas notas.
* * *
Infelizmente, a orientação política dos Estados
Unidos continua a contrastar de modo impressionante com a da Rússia. Do lado
dos primeiros, a ingenuidade generosa e superficial de bons meninões
que vivem na fartura. Do lado desta, as atitudes ora insolentes, ora dissimuladas,
sempre mal intencionadas do apache.
Assim, o caso húngaro e o caso búlgaro parecem ter
passado em julgado. Nenhuma reação séria se produziu. As greves, de fundo
manifestamente comunista, ameaçam reproduzir-se na França. Na Itália, a agitação que se observa também deixa transparecer a
ação dos comunistas. Nos próprios EE. UU. não se pode negar que o dedo de
Moscou não é estranho ao recrudescimento
de greves que agora se observa. Em suma, Moscou faz, contra tudo e contra
todos, o que lhe apraz.
Pelo contrário, os Estados Unidos estão parados.
Hei-los que ingressam agora na arena política de cornucópia em punho, visando
aquietar as feras com a abundância de seus frutos. Outra coisa não é o projeto
Marshall de auxílio à Europa. E, em compensação, o que se vê? Ingratidão.
O plano Marshall seria muito sagaz
se tivesse em vista auxiliar apenas as nações comunistas(?). Auxiliar a URSS é
certamente muito nobre, se se pensa nos milhares de
inocentes que ali padecem fome. Mas os Estados Unidos estariam no caso de impor
condições a este auxílio, exigindo da URSS que abrisse as garras com que se
jogou sobre a Europa Central. Com isto, beneficiariam a nação húngara.
Talvez tenha sido primitivamente esta a intenção
dos americanos. O certo é que os gabinetes de Londres e Paris colocaram
Washington diante de uma
espécie de fato consumado, associando incondicionalmente a URSS às negociações.
A Rússia se senta agora à mesa redonda, uma mesa cheia
de frutos substanciosos. Não sabemos. Uma coisa é certa: a distribuição de
víveres não favorecerá a influência política e estratégica altamente benéfica,
que os EE. UU. poderiam exercer na Europa.
Foi com esta ingratidão que o gabinete trabalhista
de Londres e seu sósia de Paris agradeceram os benefícios americanos.
* * *
Em toda a Europa, durante isto, os Partidos
Comunistas desencadeavam uma companha contra o projeto Marshall. Eles, os
grandes partidários do povo, os grandes advogados das massas, se indignaram
quando uma providência benévola dos americanos tendeu a socorrer as mesmas
massas. É deste estofo moral o comunismo.
Curioso é que um comunicado da União Soviética,
visando amesquinhar de certo modo o alcance afetivo do projeto Marshall,
insinuava que ele não significa sacrifício algum para os EE. UU. que dispõem de
riquezas "incomensuráveis" para as distribuir ao mundo.
Seria o caso de perguntar por que
a URSS, que vive em regime maravilhoso, também não dispõe de riquezas
igualmente incomensuráveis? A URSS e os EE. UU. se prestam bem a uma paralelo.
Ambos são países naturalmente riquíssimos. No domínio da economia pública,
temos um que está precisando de auxílio. No domínio da economia privada, temos
outro que superabunda de riquezas. E os sovietes proclamando esta última
verdade, nem sequer percebem que fazem a apologia do próprio sistema que
criticam!
* * *
As notas que consagramos à queda da monarquia na
Itália se confirmam cada vez mais. O regime
republicano é tão frágil que estando agora doente o Sr. Nicola, presidente da República, a Constituinte impôs ao pobre
homem que ficasse no cargo, porque a escolha de um chefe de Estado acarretaria
agora a guerra civil. Em outros termos, aboliu-se uma instituição sólida e
centenária como a monarquia, para instituir outra em que o chefe do governo é
temporário. E o país tão mal se adapta à forma nova que não pode substituir
este chefe temporário sem imergir no caos.
É o que se pode chamar tipicamente uma reforma
constitucional errada.
* * *
Uma observação a respeito da França. Um deputado da
Coligação das Esquerdas, elemento pois muito insuspeito de "reacionarismos", o Sr. Maurice
Violette, insurgiu-se recentemente no Parlamento Francês contra a
atuação dos grandes sindicatos, que dispõem de todo um equipamento militar
próprio, e organizaram verdadeiras polícias políticas para seu uso exclusivo. O
Sr. Violette chamou isto muito adequadamente de
"soberanias particulares", produzindo-se
como quistos dentro do Estado.
Mas estes quistos não alarmam em geral os Srs.
esquerdistas. Para eles só há uma categoria de gente perigosa: os proprietários.
* * *
Chamamos a atenção de nossos leitores para o
protesto do Vaticano contra o atentado
bárbaro, de origem comunista, praticado contra o Bispo de Trieste. Muito instrutivo o fato, para os que julguem possível
uma conciliação entre catolicismo e comunismo.