Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

7 Dias em Revista

 

 

 

 

 

Legionário, N° 776 , 22 de junho de 1947

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Segundo notícias telegráficas de Roma, o Santo Padre Pio XII recebeu em audiência particular o Exmo. Revmo. Mons. Paulo Loureiro, Chanceler do Arcebispado, a quem agradeceu os víveres que atendendo ao apelo pontifício, o Exmo. Revmo. Sr. Cardeal Dom Carlos Carmelo de Vasconcelos Mota, Arcebispo Metropolitano, enviou às obras de assistência da Santa Sé.

O augusto reconhecimento do Soberano Pontífice se estende a quantos proporcionaram ao eminente Antístite paulopolitano os recursos necessários para que atendesse com filial solicitude ao apelo papal, e constitui para todos um precioso galardão.

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Se fossemos comunistas, estaríamos satisfeitos. O mundo ocidental errou e capitulou diante do putch comunista na Hungria, na Bulgária, na China, mostrou-se míope e fraco. Depois disto, o que não podem esperar os soldados da foice e do martelo?

Manda a sabedoria que o homem lesado em seus direitos, se é forte, defende-se como um leão; se é fraco, finja não ter percebido a lesão. Assim ele pode, pelo menos, aparentar uma força que não possui. O cúmulo do desacerto consiste em que, de um lado se irritem, reconhecendo por aí que lhes doe o golpe; e de outro lado se mantenham inertes, confessando implicitamente sua fraqueza.

Estes princípios também valem para as nações. Com o auxílio deles, podemos medir em toda a extensão a inabilidade e a curteza de vistas de que a Inglaterra e os Estados Unidos deram provas.

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O Parlamento inglês se tornou famoso pela gravidade e densidade intelectual de seus debates. As efusões sentimentais, as flores retóricas para deleite das galerias, o palavreado fofo e vazio, que não conduz a deliberações concretas e eficazes, estavam banidos do austero recinto dos Comuns, como da nobre assembléia dos Lords.

Destoando de tão sólidas tradições, as reuniões dedicadas pela Câmara baixa ao estudo do caso húngaro tiveram a prolixidade e a inocuidade dos debates de alguma assembléia literária de meninotes. Em substância, conservadores e trabalhistas, habitualmente em luta, confraternizaram para maldizer do imperialismo soviético. De lado a lado houve uma verdadeira parada de indignação cívica. O que resultou de tudo isto? O mais inócuo dos frutos, a mais platônica das reações: uma nota diplomática a que a Rússia respondeu de modo injurioso e tudo ficou nisto.

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É surpreendente, mas os EE.UU., que dispõem de tão maior abundância de armas e dinheiro que o Reino Unido, caíram no mesmo erro. A imprensa se acendeu em cóleras. No Congresso, os protestos foram sonoros. Expediu-se também uma nota diplomática. E tudo ficou nisto.

Para levar ao cúmulo o desacerto, os EE. UU. assinaram, durante os próprios dias da crise, um tratado de paz com o governo húngaro, e com os de outros povos ocupados pelos sovietes. Por este tratado, as forças americanas se retirarão, permanecendo apenas as soviéticas. Pode ir mais longe uma capitulação?

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Neste conjunto de fatos, um há que chama particularmente a atenção. Enquanto a ofensiva bolchevista chegava em Budapeste e Sofia a um triunfo estrondoso, em Viena ela se detinha, e como em breve veremos, na China ela foi envolvida em uma atmosfera de confusão.

Como explicar esta simultaneidade? De um lado do Danúbio a URSS se mostra arrogante e intratável com grandes potências; do outro lado ela se detém à vista da reação de um governo pigmeu como o da Áustria. Se tivesse havido um acordo secreto, as coisas não se passariam de outro modo, o que leva a crer que o acordo se fez.

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Que acordo! Chamberlain não teria ido mais longe. Uma vez que a URSS se consolida nas posições conquistadas, o que a impedirá de retomar sua ofensiva em Viena? Acordos destes foram feitos com Hitler. Que resultados tiveram?

Os acordos com Hitler eram públicos e sua violação embaraçava a propaganda nazista no mundo inteiro. Mas que prejuízo poderia decorrer para a URSS da violação de um acordo secreto?

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Quanto à China, também um segredo: o mundo ficou sem saber se realmente os mongóis soviéticos a invadiram ou não, tais foram os desmentidos e contra-desmentidos que se sucederam de todos os lados. Esta confusão não encobrirá por sua vez algum acordo secreto, sacrificando algumas vítimas inocentes, à sanha vermelha?

E o que faz a ONU? Poderia haver para este organismo prova de mais flagrante inutilidade? Parece que a ONU só existe para provar ao mundo a inutilidade de qualquer sistema de pacificação que não seja pela força.

E a prova é de fato concludente. O mundo só pode ser mantido em paz pelo amor da extremosa e forte Igreja de Jesus Cristo ou pela chibata de um povo que a todos devora, domina e oprima. Não quiseram na ONU o Vigário de Cristo. O resultado é que a chibata tem a palavra.

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Uma censura para o Sr. Wallace. Declarou à imprensa a seu serviço que a URSS não é violenta nem agressiva e que ela só está irritada porque os EE. UU. é que são agressivos e violentos com ela.

Uma tão monstruosa inversão da verdade prova bem até que extremos pode chegar a audácia dos cripto-comunistas.

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No meio de tudo isto, causa pasmo que os Estados Unidos ainda pensem seriamente em incluir em seu plano de auxílios à URSS.

Querem os leitores saber como ela respondeu a esta generosidade? Por meio de um violento artigo do "Pravda", em que declara que o auxílio americano à Rússia é menor do que deveria ser!

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Depois de uma capitulação, outra. O Rei Faruk ofereceu um banquete a Abd-el-Krim, em que declara que o auxiliou em virtude do princípio de solidariedade de muçulmano a muçulmano. É a afirmação implícita de que existe um mundo muçulmano à parte, que se defende contra um mundo não muçulmano. E a Cristandade, perante este mundo, o que é senão uma potência desorganizada, dividida, vacilante?

O imperialismo maometano continua. O Rei Faruk, segundo se informa do Cairo, pedirá à ONU a independência completa e, no caso de não a conseguir, pleiteará o protetorado do Egito muçulmano sobre toda a África setentrional. É a derrocada da influência cristã na África do Norte.


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